16 de agosto de 2015

[RESENHA + LIVROS + MÚSICA] A Playlist de Hayden - Michelle Falkoff

Título Original: Playlist for the Dead
Autora: Michelle Falkoff
ISBN-13: 9788581637044
Número de Páginas: 285 páginas
Skoob: A Playlist de Hayden | • Goodreads: Playlist for the Dead
Comprar: Amazon, Submarino, Saraiva
Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola, o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente. Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava. A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil.
E mais uma vez vos trago uma história trágica, sobre morte na adolescência. Passada a fase das chacinas nos colégios, me bandeei para uma igualmente triste: o suicídio. Lido em junho, mas tendo a leitura iniciada com o material de divulgação da editora ainda em março, A Playlist de Hayden foi uma história que me emocionou e me intrigou bastante no começo, mas que eu terminei a leitura com o sentimento de que estava faltando algo - e não era algo em mim.
Uma coisa muito comum de notarmos nas notícias de alguns jornais é a brutalidade do bullying cometido em países norte-americanos. São situações desesperadoras de serem vistas, já que vídeos são gravados vez ou outra. Muito nos choca quando sabemos que um jovem chega a acabar com sua própria vida após sofrer bullying diariamente. Aqui, aqui e aqui, são apenas alguns poucos casos. São casos absurdos contra menores indefesos, até. Com Hayden não foi muito diferente. Chamada de trifeta do bullying e formada por Ryan, Trevor e Jason, Hayden e Sam (protagonista do livro) eram atormentados em qualquer oportunidade. É pior ainda quando sabemos que Ryan era irmão de Hayden.
Peguei a garrafa e só então vi o frasco de remédio de tarja preta ali ao lado e também o agarrei. Era um vidro de Valium com o nome da mãe de Hayden no rótulo. E estava vazio. Eu não sabia quantos comprimidos deveria haver ali, mas, de acordo com a data no rótulo, fora retirado o remédio da farmácia havia apenas alguns dias. O que significava que ela havia tomado todo o vidro praticamente de uma noite para a outra.
Olhei para a garrafa de vodca.
Ou teria sido Hayden.
(A Playlist de Hayden — Página 9)
 O suicídio (por overdose) de Hayden já nos é contado na terceira página do livro, o resto dele [o livro] é apenas nos contando como Sam vai encarando tudo, ele tentando entender os motivos pelos quais o amigo fez aquilo consigo e o mais complicado: entender a playlist. Hayden e Sam sempre foram muito amigos, pois os seus gostos para as coisas não faziam com que eles se encaixassem em qualquer outro grupo na escola – nem no grupo dos nerds eles se encaixavam. Eram apenas eles. Algo muito importante entre eles era a música. Um sempre indicando músicas e bandas novas para o outro, a criação de seleções musicais, camisas de bandas... o pacote completo. O começo de cada capítulo nos mostra uma música presente na tal playlist e acho importante ouvirmos a música antes de começar a ler o capítulo o qual ela abre. Ouvir, ver a letra, tentar se conectar com a melodia, pois o que a autora escreve é baseado no sentimento que aquela canção quer transmitir.

Sempre sendo atormentados pela trifeta, os garotos se tornaram muito íntimos, brigando, mas se resolvendo logo em seguida. Uma amizade verdadeira, saudável. Pelos flashbacks que Sam vai contando, ele mostra que o lugar mais seguro para Hayden era ao seu lado; que o lugar mais seguro para Sam era ao lado do melhor amigo, onde eles poderiam ser eles mesmos.

Além da música, havia o Mage Warfare: um jogo online que os meninos jogavam incansavelmente. E numa janela logo ao lado, o Gchat: uma ferramenta de chat pela qual Hayden e Sam sempre conversavam. É por ele, depois da morte de Hayden, que Sam começa a receber mensagens suspeitas de um usuário chamado Arquimago_Ged, o login da conta de Hayden. Ao longo de todo o livro, Sam vai conversando com esse tal Arquimago, uma pessoa que sabe pelo que ele está passando, que tenta ajudá-lo, mas que prefere não se revelar. O Arquimago começa a soar um tanto perigoso quando os integrantes da “trifeta do bullying” começam a ser atacados.
Pensei por um minuto sobre a crescente lista de pessoas que se sentiam responsáveis pela morte de Hayde. Todos nós estávamos certos e todos estávamos errados ao mesmo tempo. E, por fim, foi Hayden quem tomou aquela decisão.
(A Playlist de Hayden — Página 277)
Lógico que em algum momento da obra o motivo do suicídio deveria ser revelado. Então pensem na seguinte situação: quando você assiste a alguma coisa (filme ou série), vez ou outra, é utilizado o recurso de flashbacks para mostrar vários ângulos de um mesmo fato (filmes como Crash — No Limite e Ponto de Vista, abordam isso); podemos também tomar o fato de quando contamos uma história, às vezes outra pessoa tem mais detalhes que você. É dessa maneira, com relatos isolados que no final de juntam num todo, que o motivo do suicídio de Hayden é explicado e o porquê de tantas pessoas se sentirem culpadas por isso.

Ainda há Astrid, uma menina que se apresenta a Sam como sendo uma amiga de Hayden (mesmo ele não tendo a mencionada em momento algum) e que se torna peça-chave para entender tudo que está acontecendo com Sam.

O livro é dramático, fora que é quase impossível não se conectar com os meninos e suas atitudes, mas acho que faltou uma carga emocional a mais. O fato dos meninos serem antissociais e terem essa necessidade um do outro, essa necessidade de sempre manter a verdade entre eles, a irmandade, é algo lindo. Com absoluta certeza, foi Hayden não conhecer o mundo e as pessoas bem, que fez ele se suicidar pelo motivo escolhido pela autora. Eu pensei que seria uma coisa diferente, confesso.

Ao final, Sam faz uma reflexão sobre todos os acontecimentos e o que Hayden quis passar quando montou essa tal playlist: que é necessário escutar os diferentes tipos de mensagens, as pessoas. Interessante também é, num capítulo inicial, Hayden e Sam terem uma discussão quanto à personalidade das pessoas e como elas montam seus avatares em jogos online, eles fazem comparações sobre os perfis virtuais e reais das pessoas.

Caso você queria escutar a Playlist de Hayden, abaixo tem a seleção montada no Spotify por algum usuário; mas também a editora Novo Conceito criou o site do livro e nele têm todas as músicas. É só clicar aqui para ir direto a ele.


Classificação: 4 estrelas

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[Primeiras Impressões] A Playlist de Hayden – Michelle Falkoff
A Lista Negra - Jennifer Brown
Fúria - Stephen King
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