16 de outubro de 2015

[CRÍTICA | SÉRIES] American Horror Story: Hotel 5x02 - Chutes and Ladders

Hotel estreou com uma audiência considerável, mas ainda ficou atrás da audiência da estreia de Freak Show. Conversando com alguns amigos, eles me afirmaram que o primeiro episódio de Hotel (Checking-In) é bom, mas confuso. E isso é uma coisa que não deixa de ser verdade, mas tenhamos em mente que, se tratando de American Horror Story, isso é o mínimo que podemos esperar dum episódio inicial. Creio que ele tenha sido apenas um episódio introdutório, para começarmos a nos familiarizar com as pessoas, os dramas e tramas, e principalmente o espaço. ESTE POST CONTÉM SPOILERS!

A cena de abertura de Chutes and Ladders mostra nossa querida Sally costurando o viciado em heroína do episódio anterior num colchão. Sally até agora está sendo uma personagem diferente: ela tem características de uma pessoa má (não necessariamente a ou uma das vilãs), mas em contra-partida ela é muito piedosa, sofrida, empática e, acima de tudo, carismática. Numa cena em que ela leva John para o bar do Cortez e pede para ele contar sobre a última vez que ele ficou bêbado, ela se emociona verdadeiramente ao ouvir a história do desaparecimento de Holden (Lennon Henry). Noutro momento, a moça assusta Scarlet e diz que “crianças são as melhores”.

O novo proprietário do Hotel Cortez, Will Drake (Cheyene Jackson), é um designer de moda e promove um desfile no hotel, convidando vários nomes da moda, como a editora da Vogue, Claudia (Naomi Campbell). Um de seus modelos é Tristan (Finn Witrock): um belo e sexy homem e assim como quase todos os homens dessa série, drogado. No seu momento na passarela, Tristan desperta o interesse da Condessa.
American Horror Story não é o único trabalho de Finn Witrock e Ryan Murphy. Eles também trabalharam no telefilme para HBO The Normal Heart (2014)
Enquanto o desfile acontece, Lachlan (Lyric Angel) – filho de Will – e Scarlet (Shree Cooks) decidem passear pelo hotel. Lachlan leva a menina para um lugar estranho, onde há 4 caixões e dentre de um deles, o irmãozinho desaparecido de Scarlet, Holden. A menina fica extremamente emocionada com aquilo e decide voltar no outro dia, mais cedo ao hotel, para ver seu irmão, mas dessa vez, mas dessa vez sozinha.
As crianças estão tendo um destaque bem maior na série. Com 6 crianças no elenco, Hotel pode lançar bons nomes em Hollywood, como a pequena Shree Crooks
É quase impossível não fazer as comparações entre essa temporada de Hotel e o filme O Iluminado (1980), dirigido por Stanley Kubrick. Em mais uma alucinação de John, ele vê dois cadáveres em decomposição transando no chuveiro de seu quarto. Quando acorda sobressaltado, ele vê Holden no corredor e corre atrás do menino. Ele então segue para o bar e tem a já mencionada conversa com Sally. John conta uma história tensa sobre um caso envolvendo crianças que ele teve.

Quando Scarlet vai até o local onde os caixões estão, ela os vê abertos e nenhuma criança dentro. Ela então acha Holden no quarto onde ficam as crianças da Condessa, seus “filhos”. Lá, Holden diz que está em casa e quase morde o pescoço da irmã quando esta tenta tirar uma selfie com ele. Assustada, a menina corre e dá de cara com Sally, que a assusta ainda mais. Quando Scarlet chega em casa, depois de 5 horas desaparecida, briga com os pais porque ela afirma que Holden está vivo, enquanto John insiste que o menino não está. A garota então mostra a foto que tirou com o irmão.

Desde o primeiro episódio, vemos que não é só John que sofre pelo desaparecimento de Holden. Sua esposa, a doutora Alex Lowe (Chloë Sevigny), fica destruída. O casamento dos dois segue mais como um contrato por causa de Scarlet. Mesmo não admitindo, é como se Alex culpasse o marido pelo desaparecimento do filho, já que Holden sumiu enquanto estava aos cuidados do pai. No segundo episódio, numa cena logo no começo do episódio, enquanto Alex está cuidando de uma criança, ela se descontrola e grita com a mãe da criança, dizendo que têm ameaças mais fora daquela casa do que uma vacina que a moça pode dar ao filho. 
Alex é uma personagem que destoa completamente da ninfomaníaca Shelley
Voltemos a Tristan, pois é agora que as coisas do episódio começam a andar e Hotel começa a se tornar uma espécie de lenda urbana. Ainda drogado e perambulando pelos corredores do hotel depois do desfile, Tristan entra num quarto e se depara com um homem misterioso: vestido com um terno cinza, cabelo liso, bem penteado e besuntado com gel, uma rosa branca na lapela e um relógio de bolso. Os dois tem uma conversa sobre excitação, drogas e o prazer que elas despertam. Tristan usa cocaína; este homem, hóspede do hotel, usa outra coisa: mantança.

A faxineira do Cortez então traz uma moça completamente amarrada e a joga na cama desse hóspede misterioso. Tristan brinca dizendo que não gosta muito desse lance de BDSM. O homem mostra uma arma e diz que o lance é outro. Tristan recua, com medo e, sem querer, arranca a echarpe no pescoço do homem, revelando uma garganta profundamente cortada e ainda aberta. Temos então um novo fantasma na história! Os fantasmas não acabam por aqui.
Não é por adorar os trabalhos da artista, mas o potencial artístico de Lagy Gaga é grande demais e espero que ele não seja desperdiçado apenas com cenas de sexo
Tristan cai nos braços da Condessa, que o transforma numa espécie de vampiro: assim como ela fez com Donovan. Este é um vampirismo diferente. Assim como a telecinese em Carrie – A Estranha, de Stephen King, que é tratada como uma condição genética, Ryan Murphy resolveu transformar o vampirismo numa espécie de doença viral. (1) há certos tipos de sangue que devem ser evitados; (2) você não é imortal, mas se se cuidar bem, pode durar muito tempo; (3) sol não te transforma em pó, mas é bom evitar. Essa foi uma jogada incrível da história, já que se tornou cansativo ver aquele clichê vampiresco.

Há um momento em que Tristan quer saber mais sobre o passado da Condessa: qual a melhor época em que ela viveu? Por quê? É nesse momento em que a história mostra que Lady Gaga não está interpretando, mas sendo ela mesma. Toda a imponência de Elizabeth, todo seu estilo, elegância, sensualidade, não é um personagem, são as características que própria Lady Gaga exala: seja em fotos, nos seus shows, em suas músicas, em qualquer coisa. Mais uma prova de que a personagem foi feita dela para ela. “I was the disco queen. I still am!”, ela diz.
O novo formato de episódios da série é uma faca de dois gumes: eles podem mostrar muita coisa por episódio (como contar detalhadamente a história da construção do Hotel Cortez), mas ao mesmo tempo, deixa os episódios com cenas longas e entediantes demais
Chegou a hora então de contar sobre a história do hotel. É comum da série só contar as histórias dos espaços principais no meio da temporada ou ir contando aos poucos. Aqui, foi decidido contar tudo de uma vez só - ou é o que aparenta. Quando John tenta prender Iris e procura saber o que está acontecendo naquele lugar, esta diz que ele primeiro precisa saber da história do hotel em si, de quem o construiu, do que havia por trás daquelas paredes, dos momentos de ouros e dos momentos de tragédia do hotel, do porquê do quarto 64 ser assombrado. É nessa história que mais parece uma história de terror contada ao redor de uma fogueira, entre amigos, que ficamos sabendo quem é o homem misterioso, o fantasma que Tristan encontrou com a garganta cortada: é James March (Evan Peters). Esse é o melhor personagem de Evan até agora: até o sotaque que ele fala é incrível.

[+] Pontos fortes e fracos do episódio 5x02:
• A introdução do personagem de Finn Witrock. Depois daquela atrocidade que foi o personagem Dandy, na quarta temporada da série, Tristan é um personagem sexy e erotizado, é ambicioso;
• Não aproveitaram nem um pouco a personagem Liz Taylor. Enquanto Iris conta a história da construção do hotel para John, Liz fica só observando, sem fazer nada. Pelo visto ela vai ser um boneco de posto nessa temporada, se isso não mudar logo.
• A história sobre o Assassino dos Dez Mandamentos e a própria história do hotel estarem interligadas.

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