13 de dezembro de 2015

RESENHA | O Planeta dos Macacos - Pierre Boulle

planeta dos macacos
Dando largada ao Projeto Ficção Científica – um mês inteiro dedicado apenas a livros do gênero -, a primeira leitura concluída foi essa obra que é, no mínimo, intrigante. Não diria que chega a ser uma leitura necessária para os fãs de cultura pop (como a sinopse afirma), mas não custa nada dar uma leitura nessas rápidas páginas que podem te abrir os olhos para muita coisa.

TÍTULO ORIGINAL: The Planet of the Apes
EDITORA: Aleph
ISBN: 9788576572138
NÚMERO DE PÁGINAS:  216 páginas
COMPRE O LIVRO: Amazon, Extra, Saraiva

SINOPSE
Em pouco tempo, os desbravadores do espaço descobrem a terrível verdade: nesse mundo, seus pares humanos não passam de bestas selvagens a serviço da espécie dominante... os macacos. Desde as primeiras páginas até o surpreendente final – ainda mais impactante que a famosa cena final do filme de 1968 –, O planeta dos macacos é um romance de tirar o fôlego, temperado com boa dose de sátira. Nele, Boulle revisita algumas das questões mais antigas da humanidade: O que define o homem? O que nos diferencia dos animais? Quem são os verdadeiros inimigos de nossa espécie? Publicado pela primeira vez em 1963, O planeta dos macacos, de Pierre Boulle, inspirou uma das mais bem-sucedidas franquias da história do cinema, tendo início no clássico de 1968, estrelado por Charlton Heston, passando por diversas sequências e chegando às adaptações cinematográficas mais recentes. Com milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo, O planeta dos macacos é um dos maiores clássicos da ficção científica, imprescindível aos fãs de cultura pop.

Se tudo que você conhece dessa história é o filme dirigido por Tim Burton e estrelado (PASMEM!) por Helena Bonham Carter lá de 2001 e/ou o filme estrelado pelo James Franco em 2011, você estava à deriva comigo. O livro é bem antigo (de 1963), mas não se preocupem com linguagem nem nada do tipo: a leitura flui rápido, os capítulos são curtos, a história é envolvente e vai fazer você pensar sobre questão bastante atuais e que o autor fez questão de cutucar.


A história começa quando um casal está vagando pelo espaço numa nave, namorando, e veem um objeto flutuando pelo cosmos, descobrindo logo em seguida que é uma garrafa com vários papéis dentro. Ao retirarem os papéis de dentro da garrafa, eles descobrem que são todos manuscritos contando uma história. Isso é o primeiro capítulo. Até o final do livro, a história do planeta dos macacos é uma espécie de relato, mas com algumas considerações.

ULYSSE MÉROU E O PLANETA DOS MACACOS
A história escrita nesses manuscritos vai relatar sobre uma viagem espacial de uma tripulação formada por apenas 3 homens: Ulysse Mérou, Arthur Levain e o professor Antelle. A intenção da viagem deles era seguir até a região do espaço onde estava a estrela Betelgeuse – a trezentos anos-luz do nosso planeta. A viagem acontece no ano 2500, ou seja, quando eles voltassem para casa, não teriam mais nenhum amigo ou familiar vivo e encontrariam o planeta Terra totalmente diferente do que deixaram.
O planeta assemelhava-se à Terra. Essa impressão acentuava-se a cada segundo. Eu agora distinguia a olho nu o contorno dos continentes. A atmosfera estava límpida, ligeiramente tingida por uma tonalidade verde-clara, tendendo às vezes para o alaranjado, um pouco como no nosso céu da Provença ao poente.
Chegando a Betelgeuse, eles descobrem um planeta e, como cientistas, decidem pousar nele. Fazendo testes, descobrem que todas as condições do planeta – que viriam a ser chamado de Soror – são muito parecidas com as da Terra: os gases na atmosfera, a temperatura, solo, água, sem radiação. Resumindo: Soror é quase como uma Terra, mas num local diferente do espaço.

Lá eles descobrem uma espécie de vida muito parecida com a humana, mas bestializada. Uma forma de vida que não consegue pronunciar palavras – apenas sons -, se assustam com sorrisos e, acima de tudo, odeiam macacos. A história de fato começa quando esses três homens são capturados por macacos e levados para uma cidade.

Leia a resenha de ‘Fuga de Furnace’, de Alexander Gordon Smith, livro onde humanos (adolescentes) são tratados como cobaias em experimentos horríveis

OS PONTOS DE VISTA MUDAM E ISSO INCOMODA BASTANTE
Sim, eu pulei alguns fatos importantes, mas resumir a história não é o foco aqui. O relato nesse livro é escrito inteiramente por Ulysse, que tem uma visão muito crítica das coisas e, exposto nessa sociedade dominada por macacos, vê de uma forma diferente como é estar no topo da cadeia alimentar. A evolução em Soror foi diferente da Terra: homens e macacos são semelhantes, mas foram os homens que não evoluíram. O macaco, por outro lado, é a espécie dominante. E é aqui onde tudo se inverte!
Eu, um homem, deveria realmente recorrer àquelas astúcias para ludibriar um macaco? O único comportamento digno de minha condição não seria me levantar, caminhar na direção do animal e lhe aplicar uma correção com umas bordoadas?
Enquanto usamos macacos como cobaias em laboratórios e na área do entretenimento, em Soror, são os humanos que sofrem isso: enjaulados em gaiolas nos zoológicos, servindo de animais de estimação para macacos, sendo cortados e estudados em laboratórios. É a partir do relato de Ulysse que vemos o quão dolorido é ser a espécie fraca e oprimida, o errado, o animal. Temos uma leve experiência do que é estar na pele o outro.

Ulysse agora está trancafiado numa jaula com outros humanos e passando por testes científicos – testes que normalmente são feitos em macacos. Vez ou outra você vai se sentir incomodado em ver como os humanos são tratados nessa obra, mas então você pensa “mas é assim que os macacos são tratados na nossa sociedade”. Essa é quase uma obra que serve para nos conscientizar dos maus-tratos aos animais, principalmente com aqueles que dizemos ser nossos “parentes”.

A EVOLUÇÃO EM SOROR
Essa é uma das coisas mais interessantes do livro. Você pode até não gostar da história. Você pode até achá-la chata, monótona, parada (e em momentos ela é mesmo), mas disso você não vai poder reclamar. Há capítulos nos livros em que Ulysse vai estudar sobre Soror e ver como eles evoluíram em todos os campos (ciência, política, arte, economia), mas ainda assim são atrasados em certas áreas quando comparados aos humanos.

Ele vai falar do sistema de organização governamental, sobre uma espécie de Bolsa de Valores, sobre os movimentos artísticos, sobre a própria Teoria Evolucionista.

São capítulos incríveis, onde ele vai comparar Soror com a Terra e ver que, se não fosse pela dominação dos macacos e domesticação dos humanos, eles seriam tão iguais quanto 6 e meia-dúzia.
Já mencionei o tipo de livros escritos pelos orangotangos. O problema, e Zira queixa-se muito disso, é que dessa forma eles elaboram todos os livros didáticos, disseminando erros grosseiros junto à mocidade símia.
UMA LEITURA LEVE E SEM MUITO DO CIENTÍFICO
A leitura pode se tornar mais prazerosa ainda pelo fato de o autor não tentar ser exageradamente detalhado nas coisas que descreve. Vez ou outra ele vai dar detalhes das partes de um foguete ou nave espacial, mas, no geral, todo esse lado científico é botado para escanteio para dar um espaço ao social.

O final desse livro pode até ser previsível para alguns como foi para mim, mas ainda assim não deixa de ser apreensivo.

OS FILMES E UM ESPECIAL...
Imaginem a minha surpresa em saber que há muito mais que 3 filmes baseados nesse livro – e eu pensando que teria que lidar só com mais um filme do Tim Burton! É por isso que eu não irei falar das adaptações cinematográficas desse livro aqui, ficaria cansativo e desumano tanto para eu escrever quando para vocês lerem, por isso decidi fazer um Especial Planeta dos Macacos (apenas com os filmes). Ao longo do que eu for assistindo aos filmes, irei trazendo minhas impressões para vocês.

NOTA PARA O LIVRO: 3 estrelas

2 comentários:

  1. Bem legal sua resenha. Amo os filmes e fiquei com muita vontade de ler o livro!
    Um abraço.
    www.baseadoemlivros.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Obrigado, Fê!
      Dê uma lida rápida no livro que é provável você gostar.
      Abraço!

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