11 de abril de 2015

As Virgens Suicidas - Jeffrey Eugenides

Autor: Jeffrey Eugenides
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Drama
Número de Páginas: 232 páginas
Número de Estrelas: 5 estrelas
Skoob: As Virgens Suicidas
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Num típico subúrbio dos Estados Unidos nos anos 1970, cinco irmãs adolescentes se matam em sequência e sem motivo plausível. A tragédia, ocorrida no seio de uma família que, em oposição aos efeitos já perceptíveis da revolução sexual, vive sob severas restrições morais e religiosas, é narrada pela voz coletiva e fascinada de um grupo de garotos da vizinhança. O coro lírico que então se forma ajuda a dar um tom sui generis a esta fábula da inocência perdida.


Quanto uma pessoa pode desejar morrer? Quanto cinco pessoas podem fazer de tudo para morrer? O que faz cinco meninas lindas desejarem a morte invés de um futuro, vivas? Assim como Precisamos Falar Sobre Kevin nos conta uma história e deixa a nosso cargo tomar as decisões, As Virgens Suicidas, incrível obra de Jeffrey Eugenides, nos faz pensar nas sutilezas da vida, do amor, da família e como os suicídios de cinco meninas afetou um bairro.

São vários os pontos que me fizeram amar o livro, sendo o primeiro deles, o modo do autor contar a história, o narrador. Ou melhor, narradores. Ao longo do livro, a impressão que Eugenides nos passa é de um grupo de adultos se reuniu para contar para o leitor a história das meninas Lisbon. Os narradores são personagens e conversam conosco sobre a história com base em entrevistas com pessoas que tiveram certo tipo de contato com a família Lisbon: com um padre, psicólogos, repórteres e até mesmo o sr. e a sra. Lisbon, aos após as tragédias. Eu não tinha entendido e aceitado isso muito bem, mas depois as coisas vão ficando mais nítidas, pois eles tiveram acesso até aos relatórios médicos das meninas, relatórios psicológicos, que deveriam ser restritos à qualquer um.
Estávamos na casa do Joe Larson, do outro lado da rua, quando ouvimos a primeira trovoada.
Pelo fato de terem sido várias pessoas e vários contatos com as Lisbon ao longo de dois anos (acho) – desde a tentativa de suicídio de Cecília, até a morte de Mary -, a linha temporal é inteiramente psicológica. Há um enorme fluxo de informações de épocas diferentes sobre vários personagens, linhas do tempo onde o passado é a peça mais importante para explicar tudo. Os meninos que contam a história são muito esforçados em entender tudo que aconteceu com as meninas Lisbon, por isso vão a fundo a todas as suas pesquisas.

Segundo fator que me deixou fascinado pelo livro foi Jeffrey ter dado importância a todos os personagens que apresenta, não apenas aos meninos narradores e à família Lisbon. Sempre que um personagem teve um contato importante com alguma das irmãs, Eugenides tem o prazer de descrever sua história, vide a história de Trip Fountaine. O autor é bastante cuidadoso com a construção de cada personagem e de cada acontecimento importante na vida das meninas.
Anos mais tarde, quando perdemos as virgindades, apelamos em meio ao pânico a pantomimas das evoluções de Lux sobre o telhado, tanto tempo atrás; e mesmo agora, se fôssemos sinceros, precisaríamos admitir para nós mesmos que é sempre com aquele espectro pálido que transamos, sempre os pés dela enroscados na calha, sempre aquela mão solitária buscando apoio na chaminé, não importa o que os pés e as mãos das nossas amantes do presente estejam fazendo.
Só Deus sabe o quanto babei pela escrita do autor durante todo o livro e imagino se uma história tão “normal” quanto essa seria tão bem contada se escrita por outro ator. É quase uma poesia em forma de prosa, recheada metáforas e um incrível cuidado com a escolha das palavras para despertar as sensações certas.

Jeffrey Eugenides ao contar a história dos suicídios, mostra a pressão que as meninas viviam dentro da casa Lisbon, como as pessoas taxavam tudo aquilo, como a imprensa não saía de cima – xeretando tudo como abutres. Baile anual, bebedeira, sexo, amor, religião. Quais os fatores que fizeram as meninas desejarem a morte? Será que quando Cecília cortou os pulsos, ela realmente espalhou pelo ar um gás tóxico que continha em seu sangue? Predestinação genética? Níveis anormais de serotonina?


O filme, lançado em 1999 e dirigido por Sophia Coppola, é fidelíssimo e não peca em nada. Tudo é contado na perfeita ordem do livro, as atuações das meninas são ótimas, mas tenho a impressão de que se eu não tivesse lido o livro primeiro, não teria gostado tanto assim do filme. Aconselho assistir ao filme apenas depois de ler o livro, para notar o cuidado que Sophia teve em montar tudo.

As Virgens Suicidas é uma história poética sobre adolescência, cotidiano, amor, esperança, frustrações, sobre cinco meninas que decidiram morrer, mas antes disso, decidiram viver. Nós entramos na pele desses narradores e nos tornamos obcecados pelas meninas também.

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