27 de março de 2015

A Lista Negra - Jennifer Brown

Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg
Gênero: Drama
Número de Páginas: 272 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas
Skoob: A Lista Negra
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E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse? E se o assassino fosse alguém que você ama? O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying contra os dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. Agora, ainda se recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas.

Bullying, trotes de faculdade, apelidos baratos são algumas atitudes que acompanham as vidas de muitos adolescentes hoje em dia, mas de alguma forma, as pessoas conseguiram extrapolar os limites nessas coisas. Imaginem serem chamados todos os dias, por boa parte da escola, de Irmã da Morte; imaginem porem chiclete mastigado na sua comida; quebrarem seu MP3 Player sem motivo algum; entre várias outras coisas. Essa é a realidade de Val e Nick. E não se assustem com a história e os julguem por eles terem escrito uma lista das coisas e pessoas que odiavam, afinal, o ódio é inerente do homem. O problema está quando Nick toma uma atitude absurda com relação a isso.

E foi assim que começou a famosa Lista Negra: como uma piada. Uma forma de descarregar a frustração. No entanto, ela acabou se transformando em algo que eu nem imaginava.
Pra mim, foi impossível não ler esse livro e ficar o tempo todo imaginando cenas de Fúria (Stephen King) e do filme Precisamos Falar Sobre Kevin. As histórias têm muito em comum. Motivações, acontecimentos, o desenrolar psicológico. Aliás, são duas outras histórias sobre o tema ‘chacina em colégio’ que eu recomendo bastante. A Lista Negra é contado sob o ponto de vista de Valerie, em primeira pessoa, e vamos acompanhar ela desde o dia do tiroteio, até o dia de sua formatura. A história não é contada em forma linear: cada parte do livro é responsável por nos mostrar um período do trauma de Val e dos estudantes da escola Garvin.

Val é uma personagem incrivelmente forte, pois, toda vez que me colocava no lugar dela, a primeira coisa que minha mente dizia era “eu nunca conseguiria voltar para aquela escola”. A menina tem um acompanhamento psicológico regular e sempre que ela precisa conversar sobre algo, alguma urgência. Mesmo sendo um pouco depressiva, a jovem age com coragem ao enfrentar seus antigos “agressores”, encarando os olhares tortos, os sussurros, as acusações descaradas, as ameaças. Têm cenas que são bastante fortes e diálogos impressionantes.
Ouça aqui, mocinha (...) É hora de você entender uma coisa. Você tem uma vida muito boa, sua fedelha mimada, estou cheio... (...) Cheio de você arruinar a vida de todo mundo. Ou você começa a agir direito ou ponho você para fora antes que possa dizer “fedelha mal agradecida”, entendeu?
Resumindo tudo: Jennifer Brown escreveu uma história de autoconhecimento. As experiências que Val passa ao voltar para a escola e até mesmo as anteriores à chacina, agem no psicológico do leitor justamente para fazer ele questionar suas próprias atitudes perante os outros. O que eu estou fazendo da minha vida? Quem eu sou? Como eu trato os outros? Como isso ou aquilo afeta os terceiros? E, talvez, a mais importante de tudo: o que eu estou me tornando? É uma história sobre julgamentos e pré-julgamentos, de escolhas e atitudes que podem mudar nossas vidas e as dos outros para sempre.

Uma coisa muito bonita na história é que, em determinado momento dela, Valerie tem que encarar as famílias de todas as vítimas do tiroteio e isso é muito importante para ela. A delicadeza das cenas é perfeita. É dito que nem todas as famílias a perdoaram (pois, de qualquer forma, ela ajudou na escolha das vítimas... Inconscientemente, claro!). Além deles, os alunos que sobreviveram e os que estão passando pelo trauma. Mas, as relações sociais mais importantes da história são as da família de Val, mais especificamente a mãe e o pai, pois o irmão dela é totalmente jogado de lado. A mãe de Valerie é indescritivelmente protetora, assustada e acaba a culpando pelas atitudes de Nick. Quanto ao pai dela... Bom, é preciso ler para entender porque ele deve estar na lista de piores pais do mundo.

O livro é bastante emocionante, dramático, com um tema incrivelmente pesado, mas tratado de forma belíssima. É tocante, mas não conseguiu me tocar tanto quanto tocou uns amigos meus. Sendo bem sincero: o último capítulo valeu o livro todo. Com esse último capítulo eu chorei horrores... Foi ele o motivo de eu ter acrescentado mais uma estrela à classificação do livro.

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