30 de maio de 2015

Big Driver - Stephen King + Filme

Autor: Stephen King
Editora: Lançado no Brasil na coletânea Escuridão Total Sem Estrelas
Gênero: Suspense
Número de Estrelas: 2 estrelas
Tessa Jean, é uma escrita que ficou conhecida por sua série de livros policiais 'A Sociedade de Tricô de Willow Grove'. Quando é chama de última hora para ministrar uma palestra numa biblioteca, Tessa recebe a ajuda da organizadora do evento para pegar um atalho para casa e não ter que voltar pela I-84 (que seria a pior avenida naquela época do ano). No caminho de volta para casa, Tessa acaba sofrendo um acidente com o carro e a única pessoa que pára para lhe ajudar, acaba a estuprando mais tarde.


Antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas por não pôr a capa do conto. Não achei nenhuma que o representasse, apenas o poster e stills do filme.

Essa é uma história que eu tentava ler desde o ano passado. Já havia começado ela várias vezes, mas nunca a conclui... Até então. Já na mente que a história teria um que de Doce Vingança (2013), fui bastante empolgado para a leitura, mas eu acabei me decepcionando bastante com essa história. Eu já percebi que não me dou muito bem com os contos de Stephen King - fora alguns. A história do conto é promissora, mas é um tanto entediante.
Mas (...) quando estava atrás do volante do carro, tinha a ilusão do controle. E ela gostava de dirigir. Era relaxante. Tess tinha algumas de suas melhores ideias quando estava com o piloto automático ligado e o rádio desligado.
Temos uma escritora não tão famosa quanto queria, vide o fato de seu público-alvo ser avós, que se sente segura sempre que está ao volante de seu carro, percorrendo o caminho para sua palestras. O fato de King ter mostrado esse poder que Tessa tem e logo depois perdê-lo de maneira horrível, foi incrível. Há um trecho em que Tessa diz que o único lugar que sempre no controle da situação é dentro de seu carro, e é, justamente por "causa dele" que ela é estuprada - uma forma de tirar o poder da vítima. 
Tess esquecia porque havia sido golpeada na cabeça, estuprada, estrangulada e estava em choque.
Agora eu tenho que dizer que Stephen King exagerou numa coisinha. Nunca estive dentro da cabeça de uma mulher estuprada para saber o que se passa lá dentro, mas acho que ela não deve se culpar pelo acontecido. Fiquei bastante incomodado com o fato de King ironizar tanto essa suposta culpa que as mulheres tem se der estupradas, que elas fizeram por onde. O pior é que ele passa quase uns dois capítulos com esse pensamento em foco.

Algo que gostei na história foi o pensamento de Tessa indo mudando de forma gradual. Ela começa como uma mulher que, apesar de escrever sobre assassinatos a sangue frio, ela não assiste a certo tipo de filme; e ao longo do texto, ela vai mudando de opinião. Ela assiste a Valente (2007) - não o da Merida, o da Jodie Foster -, vê um vídeo no Youtube que tem uma cena de O Beijo da Morte (1947) e começa a perceber que o que ela quer naquele momento é vingança. Não só por ela, mas por todas as mulheres estupradas e que podem vir a ser, pelas mulheres mortas na vala onde ela foi jogada.

Quando ela decide matar as pessoas responsáveis por tudo que lhe aconteceu, ela não planeja uma tortura extremamente elaborada. Não, ela simplesmente vai lá e os mata. Não perde tempo, já que há variáveis ao seu redor. Em determinados momentos da narrativa, Stephen King ironiza cenas clichês de filmes de terror, mas mesmo assim acaba as aplicando no texto (aquela cena batida da mocinha entrando num lugar abandonado e gritando "tem alguém aí?"). 

King criou uma personagem com diversos "eus" dentro de si. Ao longo de todo o texto, Tessa vai criando conversas com seu gato, com seu GPS e com uma personagem de sua série de livros. Cada interlocutor desses, serve como uma personalidade de Tessa para encarar os fatos, para a aconselhar, e ela tem total consciência que é ela que está falando por eles. Eu estava cogitando isso se dar pelo fato de ela ter sido estrangulada e ter tido concussões durante o estupro.


Agora falando só um pouquinho sobre o telefilme, lançado pelo canal Lifetime e dirigido por Mikael Salomon (Salem's Lot). Eu tenho que bater palmas para esse filme, porque ele é uma puta de uma adaptação. O filme ficou quase idêntico ao conto, mudando certas coisas do final e acrescentando outras, de forma que os dois pareçam se completar, mas um não se sobressaindo ao outro. Maria Bello (Demonic) interpreta Tessa e levou a personagem muito bem para as telas da tevê. A impressão que tenho é de que a adaptação deixou Tessa um pouco mais forte e um pouco menos paranoica. Eu amei o final do filme, que é diferente do final do conto.

O filme só sofre do mesmo problema do conto: a história entediante; mas fora isso, é um filme legal, sem pretensão e sem nada espetacular ou chocante.

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Impressões sobre uma certa cena de 'Game of Thrones';
A Good Marriage - Stephen King;
Cinema #14: A Good Marriage
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