25 de maio de 2015

Perdão, Leonard Peacock - Matthew Quick

Autor: Matthew Quick
Editora: Intrínseca
Gênero: Drama/Young Adult
Número de Páginas: 224 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas
Skoob: Perdão, Leonard Peacock
Comprar: Submarino | Amazon

Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem aos poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.

Matthew Quick é um autor que me conquistou desde que li O Lado Bom da Vida, há um bom. Depois disso, nunca mais peguei em nada dele. Perdão, Leonard Peacock é um livro que já tinha iniciado há alguns anos, mas nunca cheguei a concluir, por um motivo ou outro; mas só agora a vontade bateu e terminei. Como indicação de dois amigos meus, essa foi uma leitura muito bacana, não me conquistou completamente, mas me tocou.

O livro segue um ritmo de memórias. Cada uma das quatro pessoas que Leonard decide visitar trazem inúmeras lembranças e reflexões sobre suas atitudes. A narrativa vai sendo construída desse modo: um presente entregue, uma história para ser contada e vez ou outra uma Carta do Futuro. De todas as 4 visitas, apenas uma me agradou bastante: a de um iraniano, que não é bem um amigo de Leonard, mas que fez bastante diferença na vida dele.
Eu convencera Linda a doar quinhentos dólares para que ela pudesse abater do imposto de renda. Ela precisa disso em seu negócio e está sempre ansiosa para me comprar/aliviar sua consciência culpada de mãe ausente com dinheiro.
O livro é contado em primeira pessoa por um adolescente atormentado por um fato do passado [fato que só é “revelado” lá para o fim do livro, mantendo um bom mistério] e por uma série de indiferenças dos outros para com ele, uma série de incompreensões. A mãe não liga para ele, o pai fugiu há muito tempo, ele não tem amigos, os professores acham ele estranho... Leonard é uma pessoa muito diferente, especial, amante de Hamlet (uma professora mandou a turma ler o livro, Leonard adorou tanto o livro que sempre o relê, podendo citar diálogos e trechos inteiros, de cabeça) e Bogart (desde que seu vizinho Walt o convidou para assistir a um filme do Bogart, o rapaz se tornou um fã e vive citando frases de vários filmes, tentando agir como Bogart em vários momentos).

Leonard não é uma pessoa sociável e em muitos momentos eu consegui me conectar com o personagem, com suas linhas de pensamento e até com suas atitudes... Talvez seja por isso que eu não tenha gostado dele tanto assim.

O livro trata em vários momentos sobre moral e ética, já que Herr Silverman é professor de Holocausto e em suas aulas ele sempre gosta de promover discussões entre os alunos sobre algum fato relevante sobre o comportamento humano durante a Segunda Guerra Mundial. O autor é bem crítico nas criações dessas discussões, elaborando perguntas capciosas e escrevendo respostas incríveis em tais discussões. Além de discussões com tema religioso. O livro todo é escrito em modo bastante crítico. Leonard critica tudo, desde si mesmo e suas atitudes, até (principalmente) as atitudes dos outros, os chamados Super Idiotas.
Interessante que as empresas na cidade tenham seguranças, mas minha escola, não. Talvez venha a ter depois de hoje. Mas por que proteger os adultos e não as crianças?
Ao longo de toda a leitura, o livro vai apresentar várias notas de rodapé e é importantíssimo lê-las, já que elas também são contadas em primeira pessoa e Leonard vai detalhar pensamentos, fazer bastante reflexões e expor algumas coisas do passado.

Leonard é um personagem bastante comum. Um adolescente com a cabeça cheia de besteiras, pensamentos profundos, com dores, um adolescente que se apaixonou e que se frustrou. Um adolescente com questionamentos religiosos bastante relevantes. Leonard é comum, mas também é diferente e é a diferença o tema principal do livro. Como as pessoas diferentes sofrem, como elas reagem ao julgamento de outros. O autor faz uma ode às minorias já que vários grupos são representados no livro: imigrante, gay, suicida. Todos são julgados.

Apesar de todo o sofrimento que esse livro mostra, Matthew também mostra o poder do apoio. Que mesmo em momentos extremamente difíceis, é possível encontrar uma pessoa que te apoie, que te ajude. O poder que a amizade tem sobre as pessoas. O livro traz reflexões lindas e em um momento eu fiquei superemocionado. Numa cena, Leonard fica relembrando de um fato da infância dele e de Asher, em que eles estão andando de bicicleta para outra cidade. O autor vai descrevendo isso de modo tão elaborado que eu fiquei triste, nem por ser uma cena dolorosa, mas por ser uma cena linda.

Fica a dica de um livro mais que bacana, especial e que deve fazer você pensar sobre umas duas ou três coisinhas.

0 comentários:

Postar um comentário