4 de janeiro de 2015

Juliette Society - Sasha Grey

Autora: Sasha Grey
Editora: LeYa
Gênero: Erótico
Número de Páginas: 236 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas
Skoob: Juliette Society
Comprar: Submarino | Extra

Para dar início à essa nova fase do blog, decidi começar logo com uma resenha picante. Um livro erótico que li recentemente e que me surpreendeu positivamente. O primeiro do ano. Não esperava algo tão divertido e envolvente como Juliette Society. Sasha Grey realmente desbancou logo em sua estreia.
Se eu te contasse que existe um clube secreto, cujos membros pertencem à classe mais poderosa da sociedade - banqueiros, milionários, magnatas da mídia, CEO's, advogados, autoridades, traficantes de armas, militares condecorados, políticos, oficiais do governo e até mesmo o alto clero da Igreja Católica -, você acreditaria? Este clube se reúne sem regularidade, em um local secreto. Às vezes em locais distantes e às vezes escondidos. Mas jamais duas vezes no mesmo lugar. Normalmente, nem mesmo duas vezes no mesmo fuso horário. E esses encontros, essas pessoas... não vamos enrolar, vamos chamá-las do que são, os Mestres do Universo. Ou o Braço Executivo do Sistema Solar. Então, essas pessoas, os Executivos, usam os encontros como uma válvula de escape do cansativo e estressante negócio de estragar ainda mais o mundo e criar novas maneiras sádicas e diabólicas de torturar, escravizar e empobrecer a população. E o que eles fazem em seu tempo livre, quando querem relaxar? Deveria ser óbvio. Eles fazem sexo.
A história vai girar em torno de Catherine, uma estudante de cinema que é obcecada por seu professor, mas que mantém um relacionado amoroso estável com Jack, auxiliar no comitê eleitoral do candidato a presidente Bob DeVille. O que mais gostei de ver nesse livro foi a autenticidade da protagonista. Devo admitir que não comecei com o pé direito no gênero erótico, já que Cinquenta Tons de Cinza (E.L. James) não é aquela coisa espetacular; mas ver uma personagem com Catherine, com várias fantasias sexuais, frágil e ao mesmo tempo bastante forte, passional, sem aquele enorme complexo de inferioridade que chega a ser risível, foi um dos pontos mais altos da obra. Um dos.
E qual garota não tem uma paixão secreta? Uma pessoa insignificante em quem podemos projetar nossas fantasias sexuais mais selvagens? A minha era Marcus, que, sem saber, virou meu objeto de desejo (...)
Em alguns momentos da obra nos é dito que todo diretor e estudante de cinema deve ter em mente que o roteiro sempre gira em torno do personagem. Depois que você lê isso, fica quase impossível de não começar a prestar atenção se, no decorrer do livro, os fatos não giram em torno dela. E sim, isso acontece. Ao longo das descobertas sexuais de Catherine e com o aumento das suas ilusões eróticas, ela vai desfrutando de diferentes modos de se fazer sexo.

Um dos maiores problemas hoje em dia, na literatura erótica, é que quando se pensa em livros eróticos, já nos arremete sadomasoquismo. Bom, aqui temos algumas boas cenas de sadismo, mas há muito mais cenas de puro sexo papai-mamãe. E que cenas! É evidente que a carreira nos estúdios pornográficos de Sasha Grey ajudou ferozmente na criação das cenas desse livro, já que, ao longo do que você vai lendo, é como se você estivesse lendo um filme pornô. Tudo é descrito muito bem. O pudor é deixado de lado. Anal, oral, sadismo, masoquismo, tudo rola na Fuck Factory e fora dela.
O que quero dizer é que reconheço algo dentro de Séverine, por mais estranho que seja, que também existe dentro de mim; por mais diferentes que nós sejamos em nossas origens, temperamento e personalidade, existe algo que nos conecta.
 Outra coisa que é escancarada no livro e isso se deve ao fato da protagonista ser uma estudante de cinema e o livro ser narrado em primeira pessoa, são as inúmeras referências ao mundo da sétima arte. Catherine não para de fazer comparações de sua vida com cenas de Cidadão Kane (Orson Welles), Um Corpo Que Cai (Alfred Hitchcock) e, principalmente, A Bela da Tarde (Louis Buñel). Eu não tive a oportunidade de assistir nenhum deles antes de ler Juliette, mas aconselho a vocês assistirem, pois spoilers vão rolar. Chega um momento que Catherine começa a se confundir com a personagem Séverine, de A Bela da Tarde. E, tanto para engrandecimento cultural, fica a dica para entender certas referências.

O passado de Sasha no ramo pornográfico, com certeza não deve ter sido um mar de rosas, pois, talvez, ela não tenha sentido prazer em todos os filmes que gravara e, obviamente, nem todos os homens com quem ela transou, sabiam dar-lhe prazer. É interessante e engraçado, pois em certos trechos eu notava algo nas entrelinhas, como se Grey tivesse dando dicas a homens e mulheres de como agradar seus parceiros na hora H.

Apesar dele ser classificado como um livro erótico, é um pouco difícil ter essa sensação. Claro, o sexo está lá em diversas cenas e ele é bem inserido. Não é aquela coisa jogada e até falsa; mas o livro em si parece um compilado de crônicas. A personagem divaga muito, mas seus pensamentos seguem uma linha lógica e cronológica. Ela fala muito de seu antes e seu agora. Ela pensa muito no que está se transformando sexualmente, em Jack – seu namorado -, nos seus sonhos eróticos e, principalmente em Marcus, seu professor, pelo qual ela tem uma atração quase incontrolável. Ela divaga tanto, tanto, que a autora chegou a escrever um capítulo relativamente grande sobre gozar (ejacular) e o prazer, entre outros assuntos bem inerentes ao ramo do prazer.
Se você nunca ouviu falar da Fuck Factory, você provavelmente nem imaginava que um lugar como este existia. E mesmo que você tenha suposto pelo nome que tipo de lugar é (...) você provavelmente não faz ideia do que acontece lá dentro.
Se você espera um livro extremamente erótico, com um forte apelo sexual e cenas absurdas, não vá com muita sede ao pote. Vá com calma e pegue Juliette Society com as seguintes coisas em mente: o foco não é só o sexo, o final não é mirabolante (é verossímil) e tudo o que você ler, fica entre nós.

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