11 de janeiro de 2015

Garota Exemplar - Gillian Flynn

Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Gênero: Drama/Thriller
Número de Estrelas: 4 estrelas
Número de Páginas: 446 páginas
Skoob: Garota Exemplar
Comprar: Submarino | Extra

Desde que Garota Exemplar foi lançado aqui no Brasil, o burburinho sobre ele foi intenso, bastante intenso. Aprovado e recomendado por um número considerável de leitores e com o estigma de que “Garota Exemplar é incrível. Você precisa ler.”. Só ano passado consegui comprar o livro e só esse ano deixei de enrolar e lê-lo. Não é que durante a leitura peguei um spoiler? Mas vou falar tudo sobre ele abaixo.
Amy Dunne desapareceu. No dia d seu quinto aniversário de casamento, seu marido, Nick, encontra a casa revirada e nem sinal da esposa. Tudo indica se tratar de um sequestro, e Nick imediatamente chama a polícia, mas logo as suspeitas recaem sobre ele. Exibindo uma estranha calma e contando uma história bem diferente da relatada por Amy em seu diário, Nick parece cada dia mais culpado, embora continue a alegar inocência. À medida que as revelações sobre o saco se desenrolam, porém fica claro que a verdade não é o forte do casal.
Você conhece a pessoa com quem você namora? Se você é casado, você pode afirmar que conhece a pessoa com quem você decidiu passar o resto da vida junto? Sim? Você tem certeza? Essas são algumas perguntas que podem ser feitas ao ler A Good Marriage (Stephen King), como também Garota Exemplar. Tudo questão de conhecimento mútuo. Escrever uma análise ao livro Garota Exemplar é difícil, talvez a resenha mais complexa que eu vá escrever. Não pelo fato de tudo que eu pôr aqui ser bastante rebuscado, não. É pelo simples fato de que tudo que eu falar, possa ser um spoiler em potencial. Mas vamos lá. 
“Você literalmente mentiria, enganaria e roubaria — caramba, você até mataria — para convencer as pessoas de que é um bom sujeito”, disse Go certa vez. (...) e perdi o apetite, porque era absolutamente verdade e nunca havia me dado conta (...)
A maestria de Gillian Flynn começa pelo emprego das palavras e expressões. Ao longo da leitura, é possível notar que ela escolheu metodicamente as palavras e onde coloca-las, o que causa muita dúvida no leitor. Expressões como “sorriso assassino” e Nick dizer que parecia que a cabeça de Amy estava flutuando pela Sétima Avenida, realmente deixam uma pulga atrás da orelha.

O livro é dividido em três partes distintas e ele é inteiramente contado pelos pontos de vista de Amy e Nick, capítulos intercalados, onde a autora vai brincando com o psicológico do leitor ao virar a página, ela vai nos jogando contra quase todos os personagens envolvidos no sumiço de Amy, mas principalmente contra Nick. Num capítulo, Nick faz uma coisa exageradamente estúpida para Amy, só para em seguida, fazer algo bom. Numa hora Nick aparenta ser um filhinho da mamãe super-mimado, apenas para na cena seguinte ter seu momento louvável.

Amy não fica para trás. Num instante ela é a nova-iorquina superprotegida pelo dinheiro dos pais, que não sabe ser uma dona de casa, passiva; mas logo em seguida é retratada como uma mulher dura, um tanto desconectada com as coisas, uma esponja de sentimentos ruins. No decorrer da leitura e com a intercalação dos capítulos, você só pensa uma coisa “Nick é um filho da p*ta e merece tudo pelo que está passando”. E em certo ponto ele merece mesmo.
— Acho que em vez de entrar em pânico apenas me concentrei em sentir raiva dela. Porque estávamos tão mal um com o outro ultimamente... É como se eu achasse errado me preocupar demais porque não tenho o direito. Acho.
Durante o início das investigações e os esforços de todos tentando encontrar Amy, você só consegue pensar “Puxa! Ele é o marido dela. Ele deveria se desesperar, procurar a esposa até cansar, e não só fazer o que a polícia manda”. Mas é incrível como a autora tem uma resposta para tudo.

É importante falar que o casamento dos protagonistas não estava tão bem e sólido assim. Eles foram se distanciando e em certo ponto começaram a sentir raiva um do outro, como um casamento de anos que tem seus altos e baixos. Quanto mais você vai lendo, mais você se pergunta quais os motivos que fizeram eles se afastar. Será que foi a personalidade dos dois, aliada à criação dos pais? Será que foi a cultura dos locais onde eles viviam anteriormente? Será que foi a crise financeira? Ou será que eles realmente não se aguentavam mais?
(...) Estamos acostumados a ver esses assassinatos de mulheres sendo vendidos como entretenimento, o que é revoltante, e nesses programas quem é o culpado? É sempre o marido. (...)
Pelo fato da autora ser jornalista, ela aproveitou muito bem a manipulação que a mídia faz sobre certo acontecimento que eles acham importantíssimo. São dois momentos importantes em que Nick diz que já é de praxe o marido ser culpado do assassinato da esposa; e é diferente você ter isso gravado em sua cabeça e ter isso exposto, pois você para e pensa “Nossa! Será que foi ele mesmo?” 

Devo admitir que o último capítulo me decepcionou profundamente, ao ponto de eu ter tirado uma estrela na classificação por causa dele. Vejam bem: o final condiz totalmente com o que a história contou e apresentou, ele condiz com toda uma situação problemática que veio sendo apresentada na terceira parte do livro (a mais fraca, por sinal), mas eu simplesmente tive que lê-lo três vezes para acreditar que era aquilo mesmo. Que iria acabar daquele jeito.

O livro não mantém uma linha contínua de tensão. A primeira parte é a mais envolvente, a segunda é razoável, mas a terceira é bem fraca. Fraca mesmo. O livro tem seus altos e baixos, mas uma coisa eu digo: a leitura não é fluida. Se você pegar esse livro para ler quando estiver com preguiça, você não vai sair do canto. Ele é daquele tipo que você lê 10 páginas, mas tem a impressão de que leu o conteúdo de 20, 30. Além disso, é um tanto cansativo.

É incrível o mínimo de informação que eu posso dar sobre o livro, porque tudo pode dar um grande spoiler e vocês acabariam perdendo o impacto, que foi o que aconteceu comigo. Uma dica: fujam de resenhas sobre esse livro, fujam de análises ao filme, etc.

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