9 de dezembro de 2014

Mara Dyer #1: A Desconstrução de Mara Dyer - Michelle Hodkin

Autora: Michelle Hodkin
Editora: Galera Record
Gênero: Thriller
Número de Páginas: 378 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas
Skoob: A Desconstrução de Mara Dyer
Comprar: Saraiva | Cultura

Para quem não sabe, eu sou fanático por vlogs literários e me divirto muito assistindo os vídeos de alguns canais. Um deles é o Olhos de Ressaca/Geek Freak. O pessoal desses canais não deixam de mencionar o livro em questão em quase nenhum vídeo e desde a primeira vez que ouvi esse nome e vi essa capa, meu interesse foi despertado. Eu pergunto a vocês: será que não há um terror real e maior do que você ir ficando louca aos poucos e chegar num estágio em que você não sabe mais quem é?

Mara Dyer não sabe se é louca ou apenas assombrada. Tudo o que sabe é que tudo à sua volta morre. Basta ela querer. Mara Dyer acha impossível algo pior do que acordar em um hospital, sem memória. Ela acredita ter sido uma fatalidade o acidente que matou seus amigos e do qual ela escapou sem sequelas físicas. E, depois de tudo o que aconteceu, ela acredita que seria impossível se apaixonar. Porém, Mara Dyer está errada.
Tudo começa com uma tábua de ouija – aquele jogo de tabuleiro com o qual nos comunicamos com os mortos. Nele, uma previsão de morte é feita e a causadora da morte de uma das jogadoras é Mara. Logo depois, o acidente que muda toda a vida de Mara acontece: o desabamento de um sanatório que matou sua melhor amiga, seu namorado e uma amiga não tão próxima assim. Mara foi a única sobrevivente e depois de passar muito tempo no hospital, ela e a família de mudam para uma nova cidade para recomeçar.

O problema é que nessa nova cidade, o recomeço de Mara é o início de muito tormento para ela e para todos que estão à sua volta. Antes de começar a análise em si, gostaria de comentar sobre a minha primeira impressão sobre o livro. “A Desconstrução de Mara Dyer” é exatamente isso, uma jovem se decompondo psicologicamente. Mas eu, desde que ouvi esse nome pela primeira vez, imaginei que a história tratasse de depressão e não de surtos psicóticos. Então imaginem a minha surpresa na hora que peguei o livro para ler. De fato não era o que eu esperava. Superou o que eu esperava.
Rachaduras apareceram nas paredes da sala de aula conforme umas vinte cabeças se voltaram na minha direção. As fissuras dispararam para cima, cada vez mais altas, até que o teto começou a desabar. Minha garganta ficou seca. Ninguém disse nada, muito embora a sala estivesse coberta de poeira, muito embora eu achasse que fosse sufocar. Porque não estava acontecendo com mais ninguém. Só comigo.
Quando falo sobre desconstrução, devo ressaltar os personagens e o modo impecável como a autora os criou, os apresentou e os desenvolveu, principalmente Mara e seu par romântico, Noah Shaw. É de dar inveja. Mara não está bem, óbvio, e isso só vai se intensificando até o momento, no final do livro, que acontece o clímax, a máxima desconstrução. A evolução de garota, de uma jovem “normal” para uma jovem psicótica é notável e no final você só pode pensar: ela teve motivos. Já Noah é um personagem que se mantém plano até os últimos capítulos, quando o mesmo mostra características inversas daquilo que é notado no começo da história.
— Por que o quê? — O que eu poderia dizer? Noah, apesar de você ser um babaca, ou talvez justamente por causa disso, gostaria de arrancar suas roupas e ser a mãe dos seus filhos. Não conte a ninguém.
Ainda sobre eles dois, gostaria de dizer que a fagulha que faz eles dois se sentirem atraídos é quase imperceptível. Logo, mais para o final, é dito porquê Noah se apaixonou por Mara, mas, para mim, não ficou claro quando o inverso aconteceu. É quase como se em uma página ela o detestasse, mas na outra ela o amasse.

Quando eu falei que essa é uma obra de construção invejável, também me refiro aos diálogos dos personagens. Cada palavra é milimetricamente encaixada na frase e faz com que cada personagem tenha uma personalidade própria. Além disso, essa é uma obra cheia de sarcasmo. Mara e seu amigo Jamie dizem cada coisa que dá vontade de decorar e usar.
Jamie sacudiu a cabeça.
— Ã-hã. Quando estiver completamente de coração partido, ouvindo músicas tristes e suicidas depois que acabar, apenas se lembre de que eu avisei. (...)
Jamie é outro personagem singular na história. Ele é o primeiro amigo que Mara faz no colégio e ele é superdivertido. Pena que ele é totalmente esquecido da metade da narrativa para o final.

Em falar em escola, as cenas no colégio são bastante clichês, fora um acontecimento ou outro. Temos aquele mauricinho rico que se apaixona pela garota deslocada. O amigo gay/bi. A patricinha que, sem motivo algum, decidi infernizar a vida a novata deslocada. Cenas nos banheiros, cenas nos armários, cenas nos refeitórios, etc, etc.

A história desse livro não é somente a descaracterização da protagonista. Como plano de fundo, temos a investigação de um assassinato que vai render muita coisa nessa história e que vai envolver Mara até o pescoço. O livro deixa várias pontas soltas. Várias mesmo. Como é o início da trilogia, ele é o livro de apresentação e não resolve nada, a autora apenas acha um distrativo para tal incógnita. Ouvi dizer que tudo é solucionado apenas no terceiro livro.

Queria fazer uma ressalva sobre o motivo por eu ter dado quatro estrelas ao livro e não cinco: 1) apesar de ser bem envolvente (capítulos curtinhos, linguagem bem fluida), o livro é feito de momentos e alguns deles são bem maçantes; 2) o final. O final desse livro é incrível, indescritível e surpreendente. Ele faz você querer ler logo o segundo livro como se não houvesse um amanhã.

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