9 de outubro de 2014

Sandman #1 - #8 [Arco: Prelúdios e Noturnos] - Neil Gaiman (& Sam Kieth, Mike Dringenberg)

Capa da primeira edição de Sandman
Autor: Neil Gaiman
Arte: Sam Keith & Mike Dringenberg
Editora: Vertigo
Ano: 1989
Edições: #1 ~ #8
Número de Páginas: 235 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas

O mês do horror e muito menos o blog estariam completos sem que eu falasse sobre algum quadrinho de horror. E o escolhido foi nada mais nada menos que o mestre dos sonhos, Sandman. Eu já falei aqui sobre um série baseada em Sandman, Os Caçadores de Sonhos, e agora é a hora de falar sobre a obra-prima de Neil Gaiman.

 Aprisionado num ritual de magia fajuto, Morpheus passou setenta anos de sua vida numa redoma de vidro. Ao ser libertado, está fraco e sem seus objetos de poder: uma algibeira, um elmo e um rubi. Depois de procurar ajuda com as Três-em-uma, ele segue uma saga em busca desses artefatos. Mas o que ele não é sabe, é que não será tão fácil assim, e no final... estará mudado.
Em O Sono dos Justos, Neil Gaiman consegue criar uma premissa tão boa e envolvente, que fez com que Sandman se tornasse sua obra consagrada. Começo falando sobre o roteiro em si: O Sono dos Justos tem uma história bem macabra, que, aliada ao traço de Keith e Dringenberg se torna mais impressionante ainda. A atenção que esses 3 tiveram aos detalhes das bordas e o modo de disposição de cada quadro na revista é primoroso para o desenvolvimento da história. Além disso, estes dois últimos aplicaram uma paleta de cores que caiu bem como uma luva. O foco é em cores frias e
Capa da segunda edição de Sandman
bucólicas, tons escuros. As expressões dos personagens chamam a atenção, pois parece que eles estão assustados a todo o tempo.

Capa da terceira edição de Sandman
O que aconteceria se, por uma eventualidade, o Sonho fosse aprisionado? Todos que dormem, sonham. Mas o que aconteceria depois desta entidade ser aprisionada no nosso mundo material? Será que deixaríamos de sonhar? Será que ele comanda os nossos sonhos bons e ruins, mas como ele não está mais em seus domínios, tal controle fica perdido e nós, sonhadores, ficaríamos presos num mundo onírico em que pesadelos fossem bem mais frequentes? Como ficaria o nosso sono? Totalmente desregulado? Será que haveria, então, quem não quisesse dormir para não sonhar com coisas horríveis? Tais perguntas podem ser feitas e foram feitas em O Sono dos Justos, mas não em palavras. Elas são feitas quando o autor cria 4 histórias de 4 crianças doença do sono para dar uma explicação real ao que acontece.
que sofrem com o aprisionamento do Sonho. São histórias extraordinárias e um tanto chocantes, até, mas serve muito bem para criar um pensamento filosófico e hipotético a respeito da premissa apresentada. Gaiman utiliza a

Em Anfitriões Imperfeitos, Gaiman conta sobre a chegada de Morpheus no Sonhar, seus domínios. As lendas contam que nos mundos etéreos, o tempo passa diferente de como passa no nosso plano material. Os setenta anos que Sandman passou aprisionado significou muito mais que isso para a sua dimensão. Suas terras estão totalmente devastadas, seu palácio desmoronando, suas coisas transmutando. Ao pedir ajuda às Irmãs do Destino, Mrpheus descobre que suas 3 ferramentas de
Capa da quarta edição de Sandman
Capa da quinta edição de Sandman
poder estão em diferentes mãos. E o mais interessante é que os seus possuidores são personagens da própria DC. Um deles era de John Constantine, o outro é de um demônio nos domínios de Lúcifer e o último passou pelas mãos de um membro da Liga da Justiça, que o usou para benef
ício próprio e recebeu de sua mãe.

Cain e Abel são personagens bem engraçados separadamente, mas juntos, a impressão que se tem da relação deles é pura melancolia. Cain matou Abel no começo de tudo e, segundo Gaiman, vem o matando ao longo das eras por motivos insignificantes. Há uma cena nessa edição que Abel se lamenta pelo que sofre nas mãos do irmão e é uma cena um tanto triste tanto pelas falas quantos pelos desenhos.

Ao conversar com as Três-em-Uma, Sandman é avisado de que o pior ainda está por vir.

Na edição 3, Dream a Little Dream of Me, Sandman se encontra com John Constantine, na Inglaterra, e os dois seguem à procura da algibeira de Morpheus, que foi roubada de John por sua ex-namorada, Rachel. O interessante desta edição é que ela não é contada sob o ponto de vista de Sandman, mas sim de John. Não sei bem a intenção do autor de fazer isso, mas me pareceu que foi para haver uma conexã
Capa da sexta edição de Sandman
o maior com o personagem, na hora em que eles vão recuperar o saco de areia.

O nome dessa edição é o mesmo nome de uma música de 1931 que se tornou mais conhecida em 1968 quando foi cantada por Mama Cass Elliot com The Mamas & The Papas. Tendo como base isso e o que é conhecemos da história, se torna curioso e interessante o fato de haver vários trechos de músicas ao longo desse número, trechos esses que são relacionados a sonhos.
— Você, Lúcifer... Diga-me... E todos vocês... Perguntem-se... Que poder teria o INERNO, se os prisioneiros daqui não fossem capazes de sonhar com o CÉU?
Uma Esperança no Inferno foi, para mim, mais uma confirmação da incrível capacidade que alguns autores têm de criar a figura de Lúcifer (nenhuma vai superar a de Supernatural, mas tudo bem!). Nessa edição, Sandman desce até o Inferno para recuperar o seu elmo, mas acaba entrando num desafio bem interessante com um demônio. Lá, no Inferno, ele descobre que as coisas mudaram e que, invés de ser apenas um líder, o submundo é regido por um triunvirato. Lúcifer é belo, cheio de si, imponente, mas não é aquela ameaça pronta para cortar o seu pescoço com um tridente vermelho e beber seu sangue... E muito menos o Inferno é aquele lugar rochoso com rios de lava. A Estrela da Manhã é um ser de poer, mas gentil, calmo e até um pouco condescendente.

O trecho acima pode ter duas interpretações livres (ao meu ver): 1) os demônios sonham com o Céu por quererem se livrar daquele tormento que tem que passar; 2) eles sonham com o Céu em busca de vingança.
Capa da sétima edição de Sandman

Essa quarta edição também mostra uma promessa feita por Lúcifer que espero se revelar mais adiante, pois tem um bom potencial. Além disso, é a primeira história que tem um epílogo que mostra o Doutor Destino recebendo um presente de sua mãe.

Depois de conseguir sua algibeira e seu elmo, agora é a vez do seu rubi. Em Passageiros, Sandman tem a ajuda de dois membros da Liga da Justiça para achar o seu objeto de poder. Ao passo disso, John Dee foge do hospício Arkhan e vai para o depósito de coisas da L.J.I. Nesse momento, descobre-se que John modificou o rubi fazendo com o que o objeto obedeça somente a ele e mais ninguém. Infelizmente, Morpheus descobre isso de uma maneira um tanto dolorosa.

Essa é uma edição bem light, sem nada mirabolante ou uma tensão palpável. Deve ser porque eu já havia lido e não houve uma surpresa, mas nela, em si, de importante, só acontece a fuga de Dee e ele se tornando uma ameaça para o mundo.

24 Horas é uma edição especial do Dr. Destino, com uma participação ínfima de Sandman. Em um dinner, Dee nos mostra em 24 horas, o que ele pode fazer com a humanidade. Ele brinca com as mentes das pessoas que estão naquele local (levando-as aos extremos, aos instintos primitivos) (eu adoro esse tipo de jogo psicológico), dando-lhes momentos de lucidez apenas para perceberam o que fizeram, mas rapidamente volta ao seu prazer macabro. É sabido também que o mundo está se tornando um pandemônio: pessoas tendo constantes pesadelos, suicídios, aviões caindo, cirurgias mal feitas, etc.

Som e Fúria bem que poderia ser o final perfeito para o arco Prelúdios e Noturnos, mas infelizmente
Capa da oitava edição de Sandman
não é. Depois de um enfrentamento verbal, chega a hora do embate físico. Quer dizer, era para ser assim, já que tudo o que Sandman faz é fugir e dizer algumas palavras contra Dee. Foi um bom final, mas se houvessem mais umas 5 ou 6 páginas, talvez fosse bem mais interessante.

Mais uma vez Gaiman utiliza de alguns figurantes para mostrar o que aconteceria se o Sonhar fosse perturbado ou destruído.

Até que O Som das Suas Asas foi uma boa edição. É bem parada por não acontecer nada de importante, mas é legal por mostrar a relação entre Sonho e Morte. Morte acaba dando uma motivação a Morpheus, já que ele estava se sentindo mal depois do que aconteceu com Dr. Destino. No final desta edição, Neil Gaiman narra os acontecimentos de Sandman até agora em forma de prosa. Ainda tem umas recomendações de alguns quadrinistas sobre a série Sandman.

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