26 de agosto de 2014

As Crônicas de Gelo e Fogo #2: A Fúria dos Reis - George R.R. Martin


Autor: George R.R. Martin
Editora: LeYa
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 652 páginas
Número de Estrelas: 5 estrelas
Skoob: A Fúria dos Reis
Comprar: Extra | Submarino
Depois de passar mais de um ano e meio sem contato com os livros de As Crônicas de Gelo e Fogo, ao terminar de ler O Filho de Netuno decidi pôr adiante a série. Eu prometi a mim mesmo que não assistiria a série de tevê até concluir a leitura de todos os livros, mas depois da quarta temporada, eu vou ter que voltar atrás nisso, ou seja, logo vocês verão um comentário sobre as duas primeiras temporadas da série aqui. Agora, sem mais delongas, vamos ao que eu achei desse livro incrível no qual demorei três meses.

Quando um cometa vermelho cruza os céus de Westeros, os Sete Reinos estão em plena guerra civil. Os exércitos dos Stark e dos Lannister estão se preparando para o confronto final, e Stannis – irmão do falecido Rei Robert -, desejoso de possuir um exército que lute pela sua reivindicação ao trono, alia-se a uma misteriosa religião oriental. Porém, seu irmão mais novo também se proclama rei. E, enquanto isso, os Greyjoy planejam vingança contra todos os que os humilharam dez anos antes. Ainda, no distante Leste, poderosos dragões estão prestes a chegar aos Sete Reinos, trazendo fogo e morte... Um perigo de proporções gigantescas, muito maior do que as grandes guerras!

Ao longo do que a história foi crescendo – e ela cresceu bastante -, os lugares foram duplicando, triplicando e até mais. Com o passar da guerra, batalhas sendo travadas aqui e ali, faz-se necessário o uso recorrente dos mapas no começo e fim do livro. No primeiro livro não os utilizei muito, mas nesse, em certos capítulos, era um olho na história e um no mapa, e mesmo assim eu ainda conseguia me perder. São muitos lugares para absorver e lembrar. Além dos lugares, os personagens explodiram – alguns literalmente. Ele introduziu vários personagens para ampliar a história tanto dos protagonistas já conhecidos quanto dos que ele apresenta aqui. Vemos vários nomes sendo lançados aqui, alguns são referências, outros servem apenas para aparecer num parágrafo e no seguinte já morrer e outros... Bom, outros não servem para nada, apenas para confundir nossa cabeça.

— Senhor, lance sobre nós a sua luz! – Melisandre gritou.
— Pois a noite é escura e cheia de terrores – responderam Selyse e seus homens.
O que gostei muito de ver nesse livro foi a religião. Em A Guerra dos Tronos víamos apenas adorações aos deuses antigos, menções aos novos, e pouco se falava dos Primeiros Homens. Á aqui, as religiões se tornam protagonistas, pois estão ali, coladas aos reis. Temos Pyke dos Greyjoy adorando ao Deus Afogado; Stannis, Melisandre, Selyse e todos os seus seguidores adorando a R’hollor, o Senhor da Luz; os Stark adorando aos Sete; Daenerys sempre ligada a crença dothraki. Nessa segunda parte já vemos rituais de adoração, saudações aos desuses, canções, conflitos religiosos. Algo muito legal de ser incrementado.

O livro continua com sua diagramação cansativa: letras miúdas, blocos enormes de parágrafos, alguns capítulos com pouquíssimos diálogos (há um capítulo de Davos que são, no máximo, oito falas). Temos a presença dos antigos narradores e agora temos a inserção de Davos Seaworth, nos mostrando o que acontece em Pedra do Dragão, com Stannis. Não há enormes mudanças em relação a isso. Há poucos erros de revisão. Achei algumas pontuações faltando, nomes errados, mas isso não somam nem cinco erros em todo o livro.
(...) Cadáveres ocupavam os bancos, embaixo, com carne marrom-acinzentada desprendendo-se dos ossos ao erguerem as taças para brindar, e vermes rastejando para dentro e para fora dos buracos que tinham sido seus olhos.

O livro conta com muitas cenas fortes e impactantes e sinistras. Uma das coisas que eu gosto na série é que ela consegue adaptar tais cenas para o que eles realmente foram escritas: algo bastante visual. Há muitas cenas aqui que só a ampla descrição e imaginação do leitor não bastam. Não é a toa que algumas cenas que tive que ir ver como elas foram reproduzidas na série para continuar a leitura. E não só somente cinco ou seis, são várias. Principalmente tratando-se da guerra.

Daqui para frente falarei sobre os personagens e sua mudança (ou não) ao longo desse livro. Pode haver spoiler, então, caso não queiram saber, podem pular logo para o último parágrafo. Para os que ficarão, segue agora uma rápida análise sobre cada um dos pontos de vista desse livro.

Arya é a personagem que mais evoluiu nesse livro. Sim, e como evoluiu. Desde o primeiro livro vemos que ela não é uma dama, mas depois da morte de seu pai e de ser levada por Yoren a caminho da Muralha, ela descobre que os ensinamentos de Syrio salvarão sua vida. Ela cria um espírito de vingança espantoso e a cada pessoa que mata, vai perdendo sua inocência; mas mesmo assim não deixa de ser uma criança num mundo de homens. Desde a Estrada do Rei até Harrenhal, Arya vai se mostrando porquê é uma verdadeira Stark de Winterfell.

Sansa é a personagem que eu mais detesto nesse livro. Se não o for, está dentre os que ocupam esse lugar. O que mais me dá raiva nesse é esse romantismo exagerado dela. Há uma cena em que Cersei diz a ela para que pare de pensar tanto em canções de cavalaria e comece a viver a realidade e talvez seja aqui que ela passa a ver o mundo com os olhos mais abertos. Eu considero o último capítulo de Sansa como a passagem brusca do Romantismo para o Realismo.

Bran tem os capítulos muito parados até, mas depois da metade, com a chegada dos Reed em Winterfell, tudo muda. Brann descobre que o lobo de sua casa é mais importante nele do que nos seus outros irmãos. Ele descobre ser um warg, ele pode abrir o terceiro olho e se projetar no corpo de qualquer um, agora ele tem que seguir até depois da Muralha e descobrir o seu real motivo de viver. Mas nem tudo é um mar de rosas quando um traidor toma Winterfell.

Catelyn, apesar de ter poucos capítulos, tem partes bastante especiais, já que ela é o meio termo entre Renly e Stannis, ou seja, ela está presente pára nos mostrar as animosidades entre eles em certos momentos. As aparições de Renly são mostradas por ela. Como se não bastasse sobre por seu pai, agora ela tem que sofrer com a morte de dois dos seus filhos e a incerteza de que Robb sobreviverá mais um dia como Rei do Norte.

Theon, o traidor. Theon se mostra o personagem mais odiado, apesar de ter alguns motivos para tomar as atitudes que tomou. Sendo enviado a Pyke para tentar uma aliança entre os Stark e os Greyjoy, acaba se voltando contra a casa que o acolheu e o trator como filho ao longo de dez anos.

Daenerys, tão amada por mim no primeiro livro, mas que acaba se tornando um saco aqui. Todos os capítulos dela podem ser resumidos em apenas uma palavra: dracares (não aquele que veremos em A Tormenta das Espadas). O único feito importante na história dela até agora é o fato de Drogon ter começado a cuspir fogo.

Davos fica responsável por nos mostrar os capítulos obscuros de Stannis, um rei que sofre de falta de atenção. Eu havia feito anotações exclusivamente para Stannis, mas resolvi deixar para lá. Davos é um homem bom, “honesto” e que se pergunta a todo o momento o porquê de seu senhor estar fazendo tudo aquilo. Na Batalha de Água Negra, Davos acaba perdendo tudo que lhe é mais precioso em nome de um senhor rancoroso.

Jon, responsável pelas partes que eu mais detesto. Serve apenas para nos mostrar que o perigo não é só antes da Muralha, mas que depois dela muita coisa está acontecendo. Algumas batalhas travadas, a inserção de uma certa mocinha chata e algumas perdas de bons homens, os capítulos de Jon foram os piores para ler.

Tyrion, o melhor personagem de todos. Seus capítulos são cheios de inteligência, manobras de guerra e artimanhas. Relativamente bom, Tyrion vai salvando Porto Real à cada tramoia que planeja. Os capítulos dele são incrível, sem sombras de dúvidas, mas chega um momento da história que o coitado vai vendo tudo que ele planejou indo por água abaixo.

Ao terminar cada livro, sempre somos apresentados a um apêndice onde ficam as casas, suas informações principais e os membros de cada uma (quantas pessoas tem a casa Frey). Ao meu ver, a mudança mais importante em todo o livro está visível aqui, na quebra de uma casa em duas frentes. A casa Baratheon está totalmente esfarelada, agora divida em O Rei no Mar Estreito (Stannis) e O Rei em Jardim de Cima (Renly). Pode-se até levar em consideração que não existe mais casa Lannister, e sim O Rei no Trono de Ferro. A casa Stark passou a se chamar Rei do Norte, enfim. Essa quebra de casa é boa para a história, mas não me ajudou em nada na hora de saber a linhagem da casa Baratheon. Não importa o que eu fale aqui, nada chegará aos pés do que é esse livro.

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