7 de fevereiro de 2015

Caixa de Pássaros - Josh Malerman

Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Gênero: Thriller psicológico
Número de Páginas: 272 páginas
Número de Estrelas: 5 estrelas
Skoob: Caixa de Pássaros
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Nunca consegui ser aquele que lê todos os lançamentos dos meses assim que os mesmo saem. Sempre demorava um ou até mesmo dois anos, mas dessa vez eu disse a mim mesmo que precisava ler esse. Caixa de Pássaros despertou meu interesse desde que vi a capa e o próprio título. Imagem, então, quando li sua sinopse. Só digo uma coisa: se você tem algum dinheiro sobrando aí, vá atrás de comprar esse livro, pois é quase indispensável numa estante dum bom leitor.

Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.
Fãs de The Walking Dead, se vocês acham tensão suficiente o fato dos protagonistas estarem em apuros enxergando os tais zumbis, imaginem então combater um inimigo que você não pode ver, pois à primeira visão de tal, você enlouquece. Um pouco mais complicado, não?

Ao longo de toda a história não sabemos ao certo, de fato, o que tais criaturas. É apresentada apenas a problemática de que se você a vir, ela te deixa louco. Alguns suspeitam que sejam anjos, alguns dizem que sejam aliens, alguns dizem que sejam o próprio infinito que a mente humana não está preparada para entender, processar. Não sabemos se são bípedes ou quadrúpedes – apesar de ter uma forte inclinação para a primeira opção. Respiram? Falam? Se não falam, quais sons emitem? De onde vêm? Por que vieram para a Terra? São perguntas para as quais não serão dadas respostas, simplesmente pelo fato do livro não se tratar das criaturas, mas do modo como as pessoas têm que sobreviver a esse novo mundo.
Quantas vezes ela questionou seu dever como mão enquanto treinava as crianças para se tornarem máquinas de ouvir? Para Malorie, assistir ao desenvolvimento delas era algo horrível algumas vezes.
Não é spoiler nenhum o fato de Malorie – a protagonista da história – tem um casal de filhos e que os dois são treinados para ouvir. Isso é revelado logo no primeiro capítulo. Ao longo da história, Josh Malerman vai nos contando como Malorie foi treinando a audição dos pequenos e em alguns momentos você só consegue pensar uma coisa: Deus do céu! É impiedoso o que essa mulher faz com as crianças, é revoltante, mas é necessário. Dar tapas neles enquanto eles ainda eram bebês e não entendiam nada. Fazer sequências de sons para que eles adivinhassem o que a mãe estava fazendo. Algumas vezes se tornam até interessante os treinamentos.

A narrativa é muito sofrida e penosa. Logo no seu romance de estreia, Malerman conseguiu criar uma personagem forte, autêntica e que possui uma personalidade quase plana do começo ao fim do livro. É muito fácil de sentir empatia por Malorie, principalmente por causa de tudo o que ela tem que passar. Criar os filhos nesse mundo, perder a irmã de forma trágica, o parto, entre outros episódios. Isso apenas no passado, no presente da obra, o sofrimento não acaba. Enquanto ela desce o rio, coisas espreitam, perigos, coisas pelas quais nenhuma mãe deveria passar para proteger as crias. A descrição e o jogo psicológico que Josh cria, é impressionante.

Falando sobre descrições, em alguns momentos achei um tanto complicado imaginar algumas cenas por falta de descrição das coisas. O autor é muito direto na escrita, não há rodeios e mostra as coisas de forma bem crua. Nem hipérboles nem eufemismos. Mas tendo em vista que os personagens passam mais tempo vendados ou com olhos fechados do que com eles abertos, será que a falta de descrição em certos momentos não foi proposital? Quando os personagens estão privados da visão, o autor descreve as coisas pelos outros órgãos sensoriais: tato, olfato e principalmente audição. A audição é imprescindível. Quando os mesmos estão com os olhos abertos, a descrição melhora.
Os lábios de Malorie racham de forma dolorosa quando ela abre o sorriso mais largo que já abriu em mais de quatro anos.
Legal como os capítulos são contados no temo presente, em terceira pessoa. Cada ato está acontecendo naquele momento, seja ele no passado ou não. Além disso, a distribuição do tempo dos capítulos salta aos olhos. Há uma sequência de prioridade na linha temporal. Quando o passado se torna mais importante que o presente, o autor vai dando preferência a este. O passado explica muito do presente da obra, as atitudes de Malorie.

Caixa de Pássaros é um romance incrível, de tirar o fôlego e não se preocupe, pois os elogios a ele são bem motivados. Josh Malerman surpreende nesse romance e espero que ele não decepcione em obras futuras.

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