4 de dezembro de 2014

Querido, Estás Morto - João Dias Martins

Skoob: Querido, Estás Morto
Após descobrir que morreu sem saber, Henrique tem de se habituar à sua nova condição entre os vivos. Principalmente com a sua família.
Um conto curtinho (aproximadamente 11 páginas) que achei enquanto vasculhava a internet à procura de algum material para resenhar no blog. Leitura rápida, divertida e bastante fluida. Dias Martins me agradou bastante com essa estória que já quero ler mais coisas do mesmo.

O fato de Henrique já estar morto, não é um spoiler, pois acontece logo na primeira página do conto e, a julgar pelo título do livro e com o subtítulo, é uma coisa que fica na cara. Bem, a história desse conto tem poucos traços de terror. Ela é uma história mais engraçada e ridícula.

Henrique é um personagem ordinário que leva uma vida ordinária, com uma família ordinária. Tudo isso muda quando ele é atropelado enquanto voltava do trabalho; mas o mais engraçado de tudo é que a rotina estava tão encravada na vida dele, que o mesmo seguiu sua vida normalmente. Como se morrer, tivesse sido tão normal quanto pisar num chiclete.

Como se tal não bastasse, começavam a aparecer as moscas. Atraídas pelo cheiro a podre, rondavam Henrique como um fã obcecado ronda a sua estrela musical favorita.
É uma coisa que causa nojo, sim, mas que assusta, não. Ao longo da história – creio que já na segunda página -, o autor vai descrevendo os processos de decomposição em Henrique. Rigor mortis, pele se descolando, membros caindo, o cheiro e as moscas. Mesmo assim, o modo como Dias Martins vai falando sobre isso, faz você dar gargalhadas.

Em determinado momento da obra, Isabel (esposa de Henrique) procura uma ajuda espiritual e vai com o marido (ou o que sobra dele) até um padre, o qual não sabe o que é tudo aquilo. Tecnicamente, Henrique não está morto, mas visualmente, ele está morto há tempos.

Se você esperar uma explicação lógica para o que aconteceu, você não vai encontrar. Deus, aliens, tédio, enfim, qualquer que seja o motivo pelo qual isso aconteceu com Quicas, não é revelado. Talvez isso seja até uma espécie de crítica a nossa monótona rotina. O autor também faz uma espécie de metalinguística no começo do conto, ao explicar os processos de criação de uma obra.

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