15 de outubro de 2014

A Ilha do Dr. Moreau - H.G. Wells

Autor: H.G. Wells
Editora: Alfaguara/Objetiva
Gênero: Ficção Científica/Terror
Número de Páginas: 176 páginas
Número de Estrelas: 3 estrelas
Skoob: A Ilha do Dr. Moreau
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Em uma das categorias do Desafio Halloween Literário, Criaturas Sobrenaturais, escolhi esse livro tanto por eu já estar lendo quanto porque se encaixava na área, afinal, o tipo de criatura que Wells expõe nesse livro não tem nada de humano, real e quiçá compreensível, ultrapassando todas as formas naturais. Então vamos lá a história do senhor Edward Prendick.

Em 1887, o navio Lady Vain naufraga no Pacífico. À deriva e sem esperanças de sobreviver em alto mar, Charles Prendick é resgatado por um navio chefiado pelo doutor Montgomery em uma missão no mínimo incomum: levar algumas espécies de animais selvagens a uma pequena ilha do Pacífico sem nome. Ainda debilitado, Prendick é obrigado a desembarcar na ilha junto com o carregamento. Lá, ele conhece a estranha figura do dr. Moreau, um cientista que, exilado por suas pesquisas controversas na Inglaterra, realiza experimentos macabros com seus animais. O jovem Prendick logo toma conhecimento desses experimentos. Largado na ilha vulcânica, ele se depara com seres de feições diabólicas, misturas de homem e besta, ávidos pelo gosto do sangue.
Publicada originalmente em 1896, A Ilha do Dr. Moreau foi um bom aproveitamento da temática que vinha sendo abordada naquele final de século na literatura e que teve como um dos principais representantes o conhecidíssimo Julio Verne e suas Vinte Mil Léguas Submarinas: o isolamento insular. O livro conta com uma introdução do próprio tradutor do livro, Bráulio Tavares, que relata como Wells aproveitou bem esse tema e foi um dos pilares do assunto “cientista louco”. Tavares também nos mostra como essa obra de Wells influenciou em outros títulos famosos e faz comparações com outras obras conhecidas da Ficção Científica. 

Avanços medicinais e novas descobertas sobre a anatomia humana – características do século XIX – foram incorporados nessa obra, já que a vivissecção são experimentos de cunho altamente experimentais, anatômicos e biológicos, além de terem sido bastante usados nessa época. Querem uma boa referência? Há uma cena em Sherlock Holmes (2009) em que aparecem sapos sendo abertos para testes de toxinas. Apesar disso, eles são abominados. Mas seria o uso desse assunto que fez essa obra causar um rebuliço quando lançada? 
Quando eles o faziam, oscilavam de um lado para o outro, do modo mais estranho, e batiam com as mãos sobre os joelhos; e eu segui seu exemplo. 
Há um determinado momento da obra, depois de Prendick fugir de Moreau e seu ajudante Montgomery, que ele vai parar numa comunidade de Homens-Animal e lá ele percebe que, mesmo isolados naquele ilhéu, há leis e regras a serem seguidas. Uma Lei maior que eles devem acatar para viver bem, em bando, e não sofrer as punições de Moreau. Os ritos lembram muito as orações religiosas e na obra em si pode ser feito um paralelo religioso onde Moreau é Deus, os vivisseccionados (qual a palavra certa?) são os homens, a ilha é a Terra (ou o universo). O Mestre da Lei pode ser considerado uma espécie de padre, pastor ou sacerdote. 

O livro também tem um forte embasamento na teoria da evolução de Darwin e mexe muito com a filosofia, principalmente os pensamentos que envolvam o homem o meio. Depois de passados meses entre os monstros, Prendick acaba se afeiçoando a eles, o mesmo que aconteceu com Montgomery nos seus dez anos na ilha. Depois que Prendick consegue sair da ilha e voltar para a sociedade, ele diz que não consegue ser o mesmo homem, pois o que ele viu lá, os animais humanizados, acabou mexendo com o seu modo de ver as pessoas. 

O livro é contado em forma deum grande relato, onde no primeiro capítulo já sabemos que Prendick saiu da ilha e tudo o mais. A partida que Wells usa nesse livro é como ele foi parar lá, como ele sobreviveu lá, o que ele viu e, finalmente, como ele conseguiu sair. 
Seria impossível, para mim, descrever o Povo Animal em detalhe — meus olhos não foram bem treinados para isto — e infelizmente também não tenho talento para desenhar. 
As descrições dos homens animais, às vezes, é quase inimaginável por causa da pouca descrição, mas isso se deve ao fato do livro ser contado em primeira pessoa e o autor, algumas vezes, comenta o quão difícil é descrever aquele tipo de criatura. 

Há ainda duas adaptações para o cinema desse livro: uma de 1977 e outra de 1996. Caso eu encontre algumas delas por aí, assistirei e comentarei aqui sobre a fidelidade a obra, atuação e, talvez o mais importante: como eles conseguiram produzir bem as monstruosidades.

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