24 de junho de 2014

Revista Trasgo, Edição #3 - Vários Autores

Autores: Vários Autores (todos eles estão taggeados)
Editor: Rodrigo Van Kampen
Ano: 2014
Número de Páginas: 100 páginas
Número de Estrelas: 3 estrelas
Leia: Trasgo

A Revista Trasgo é uma compilação trimestral de contos que eu descobri por acaso, mas nunca havia parado para ler, até pouco tempo atrás. Já que eu prometi a vocês análise e indicação de contos, resolvi a ler (as três edições lançadas até agora) e comentar sobre cada uma delas. Eles recebem materiais de FC e Fantasia, então, talvez um dia vocês me vejam com um conto publicado lá. Foi uma leitura que eu demorei três dias no total, intercalando com um livro físico (a revista é apenas online!).
Eu vou comentar a revista conto por conto para que vocês se situem mais facilmente. Ainda vou falar sobre a responsável pela cada e suas belíssimas ilustrações. Deixo bem claro aqui que alguns contos são psicológicos ou apresentam características psicológicas, ou seja, para mim pode ter um significado e para você um outro totalmente diferente.

Em O Empacotador de Memórias (Gael Rodrigues), acompanhamos os planos de Tom e seu amigo para guardar as memórias das pessoas, fazendo experimentos com gatos de rua, até o dia em que Tom suspeita de uma nova maneira de empacotar as memórias das pessoas. Esse conto é bastante metafórico e surrealista, ele usa algumas cenas psicológicas para explicar o caráter do protagonista, além de criar toda uma cena surreal, onde o implícito é mais comum do que imaginamos. Sugiro que, ao terminarem de ler o conto, leiam a entrevista com o autor para maiores esclarecimentos sobre a história contada por ele. Uma coisa que notei, é que o autor nos alerta sobre o perigo de vivermos do passado e vivermos para as lembranças. Elas são muito importantes, mas não devemos viver para elas.

Em Rosas Brancas (Roberto de Sousa Causo) temos uma ambientação futurística à lá os grandes filmes de FC como Minority Report (2002) e Eu, Robô (2004), em que a protagonista está sendo chantageada por um grupo de foramundo para encontrar arquivos para a criação de humanoides. O modo como o autor desenvolveu a criação dos super-humanos é totalmente crível. A alimentação, envelhecimento, como são os sistemas deles, enfim. O conto mantém uma linha bem calma, sem muita tensão ou um clímax eufórico. A explicação dos atos da protagonista Mara se dão por diálogos explicativos, algo que eu não gosto muito.

Em Feita de Um Sonho (Caroline Policarpo Veloso) acompanhamos Roberta no seus sonhos. Um sonho em particular a assombra há muito tempo, até o dia em que ela decide enfrentá-lo e ver até onde a levará. Devo admitir que achei esse o conto mais fraco da revista. É um texto com nuances psicológicos, mas não gostei dele. Senti como se tivesse faltando algo.

Invasão (Cláudio Parreira) vai contar a história de um homem rodeado pelo número de azar, 13. Tudo em sua volta é 13 e o pior acontecimento da sua vida não poderia acontecer em momento mais propício como em um sábado 13, às 13 da tarde. O conto é narrado em primeira pessoa, então temos a frustração do protagonista bem definida pela trupe de invasores do seu apartamento. De maneira geral, eu não entendi o conto. Não sei se tudo foi um sonho ou se aconteceu de verdade, e o mais impressionante de tudo: de onde aquele povo saiu?! A escrita culta do autor é quebrada em vários momentos pelo regionalismo, recurso utilizado para dar uma verossimilhança maior aos personagens falantes. Na entrevista, o autor explica que é um conto de humor. Eu concordo: é hilário de tão estranho.

Viral (Tiago Cordeiro) vai contar sobre uma infestação de zumbis numa favela. O mais interessante é que essa infestação acontece por som e tem características peculiares sobre os afetados. Em suma, é aquele tipo de história que tem uma premissa muito boa, mas que não funciona comigo. O conto é feito de peças, passado e presente, até que a infestação termina e temos uma visão mais real do que é brincar com a natureza. A entrevista com o Tiago serve como uma revisão da história e para entender algumas coisinhas mínimas.

E então o meu favorito, em O Vento do Oeste (Liège Báccaro Toledo) vemos a saga de um Ahmar (filho de Bahaal'zar), Farid, desde sua infância até o encontro com o seu nefasto pai, dentro de uma missão de resgate. A autora se estendeu um bocado contando a história desse anti-herói, mas foi ótimo para criar laços entre leitor e personagem. Os personagens são muito bem criados, o ambiente e a própria mitologia. Ela nos apresenta apenas o mínimo de algo bem mais complexo, não é à toa que ela está escrevendo um romance sobre esse mundo. A criação desse mundo árabe é fantástica e a descrição nos imerge nos desertos por onde Farid passa.

A Galeria dessa edição é linda. A artista disse que ama observar as árvores e em quase todos os seus trabalhos nós as vemos, em suma, vemos a natureza de forma humana. Formas surrealistas, cartunescas ou não. Alguns trabalhos são em pintura digital e em outros é o lápis mesmo. A capa dessa edição da revista foi feita por ela, mas vocês podem ver mais trabalhos dela em Kelly Desenhos.

Quero dizer também que os autores possuem publicações na internet e em antalogias de contos publicadas por editoras. Pretendo acompanhar os trabalhos deles, principalmente os do Gael Rodrigues, Roberto de Sousa Causo e da Liège Báccaro.

4 comentários:

  1. Olá, Petrus!
    Obrigado por esta resenha! Fico feliz que tenha gostado da Trasgo, é ótimo ler esse tipo de review, conto a conto.

    Ah, apenas um detalhe: O nome do autor de "Rosas Brancas" é Roberto de Sousa Causo, não Rodrigo.

    Abraços!

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    1. Olá, Rodrigo!

      Agradeço o comentário. Gostei muito da iniciativa da revista. Em breve entrarei em contato com você para um post extra.

      Abraços!

      PS: Obrigado pela errata. Não tinha percebido a troca. Hahaha!

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  2. Olá, Pétrus, muito obrigada pelo seu comentário sobre "O Vento do Oeste" Nem preciso dizer que fiquei muito contente em saber que foi o seu favorito. Tenho muito orgulho de ter publicado nessa terceira edição da revista. Abraços!

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    1. Olá, Liége!
      Eu que tenho que agradecer. Seu conto é magnífico e espero continuar lendo mais coisas suas e trazendo para o pessoal aqui no blog. Continue com seu trabalho primoroso.

      Abraços e muito sucesso.

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