11 de maio de 2014

Cinema #1: The 7 Days of Retaliation

• Título Original: Les Sept Jours Du Talion
• Ano: 2010 | Duração: 105 minutos
• Direção: Daniel Grou
• Produção: Nicole Robert

• Elenco: Claude Legault, Rémy Girard, Martin Dubreuil, Rose-Marie Coallier, Fanny Mallette
• Nota: 4,5
• Sinopse: Bruno Hamel é um cirurgião de 38 anos. Ele mora em Drummondville com a sua esposa Sylvie, e a sua filhinha Jasmine de 8 anos. Como muitas pessoas felizes, ele vive uma vida normal e cotidiana até um fim de tarde, quando sua filha é estuprada e assassinada. Daí em diante o mundo da família Hamel desmorona. Quando o assassino é preso, uma terrível ideia surge na mente perturbada de Bruno. Ele planeja capturar o “monstro” e fazê-lo pagar por esse crime. No dia que o assassino aparece no tribunal, Hamel, que havia preparado o plano em detalhes, seqüestra o monstro e logo após, envia à polícia uma breve mensagem dizendo que o estuprador e assassino de sua filha seria torturado por 7 dias e então executado. Após concluída a sua missão, ele então se entregaria.


Enquanto eu procurava por alguns filme de terror psicológico, eu me deparei com o poster desse filme. Interessante e já revela muito. Ao ler a sinopse eu me surpreendi. Na época, eu procurava por filmes que tratassem do assunto pedofilia e abuso infantil. Apesar de o filme ser francês, eu resolvi assistir. Enrolei, enrolei, até que estava sem nenhum filme interessante. Então eu pensei "Ah, vamos desse mesmo!". E admito, mesmo tendo Marcas do Silêncio (1996) me impressionado, Les Sept Jours Du Talion me impressionou igualmente, quiçá mais.

O filme mais parece um apanhado de películas que eu adoro. Você conseguirá encontrar certas cenas que lembram Doce Vingança (2010) e, sem sombra de dúvidas, Código de Conduta (2009). Vocês já devem ter assistido algo do mesmo gênero que trabalhe em cima da mesma ideia, não? Mas o que torna esse filme diferente e/ou até mesmo superior aos outros? O que nos faz assisti-lo do começo ao fim sem querer dar pause em nenhum momento?

À princípio, o filme relata dois dilemas sociais que são muito tratados em filmes e que continuam repercutindo nas mídias: abuso infantil e pedofilia. Pondo-se no lugar do protagonista Bruno Hamel (Claude Legault), o que você faria se sua única filha, prestes a completar nove anos fosse sequestrada, estuprada e assassinada? E ainda por cima, o criminoso só pegasse de 15 a 25 anos de cadeia? Ao se pensar nisso, bate a revolta. Mas os pontos de vista são divergentes: um lado pensa que, já que a Justiça não faz nada, a população que faça. Mas o outro lado pensa que não devemos nos tornar justiceiros e sair matando todos os criminosos, mesmo eles merecendo e fazendo por onde. No filme acaba sendo mostrado esses dois lados: os que apoiam e os recriminam tais atos.

Obviamente, o elenco deve ser parabenizado, juntamente com a equipe de maquiagem. A cena em que Bruno encontra sua filha morta (mostrada na screen acima) é uma das mais impactantes. O cuidado que os maquiadores tiveram em desorganizar a roupa da garotinha, pintá-la, bagunçar seu cabelo, enfim, tudo. A equipe caprichou em Anthony Lemaire (Martin Dubreuil). Todos os cortes, os rasgões, o cuidado em ir pintando o corpo do ator ao longo da evolução das torturas.

A decoração também não deixa a desejar. Os cenários escolhidos são todos reais e, em conjunto com a escolha de cores frias na edição, passam a impressão que o filme deve passar: melancolia e angústia. Cada frase dita, cada intonação, cada gesto dos atores passam uma mensagem sombria e impactante para o espectador. Adorei o modo como o psicológico de cada protagonista foi explorado de maneira calma e sem exageros. Ao longo da tensão do filme, os personagens vão se libertando e se transformando. Confessando coisas para si mesmo e para o resto dos integrantes no enredo.

É interessante porque, depois que mostrou a cena da jovem morta, eu fiquei esperando as cenas em que os pais botam a culpa um do outro pelo acontecido; e quando eu menos espero... ela aparece. Do mesmo jeito que e imaginei, senão melhor. Interessante também é uma cena em que Bruno desce até o porão para atirar em Anthony, mas não consegue. À partir daí ele começa a beber o dia todo para criar coragem de torturar mais o pedófilo.

Em falar em tortura, as cenas de tortura são altamente angustiantes. Em parte porque mostram o cirurgião enquanto ele corta, quebra ossos, chicoteia, etc, o preso, e em parte pela simples tensão dos atos. Cada cena contínua e sem cortes é como se brincasse com o psicológico do espectador. Em certos dias - no enredo -, eu fiquei me perguntando como ele iria piorar o tormento do homem e lá chega ele com algo novo.

O filme é baseado no romance homônimo, escrito por Patrick Senécal. Em minhas buscas não consegui encontrar qualquer referência a uma publicação no Brasil, o que é uma pena. Penso que ele combinaria muito com o catálogo da Companhia das Letras. Em suma, o filme é espetacular. A mensagem foi prometida, desenvolvida e entregue com maestria pelas mãos do diretor e sua equipe. Com cenas fortes, esse filme promete lhe impactar desde o primeiro diálogo.

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