3 de junho de 2015

Passarinha - Kathryn Erskine

Autora: Kathryn Erskine
Editora: Valentina
Gênero: Young Adult/Drama
Número de Páginas: 224 páginas
Número de Estrelas: 4 estrelas
Skoob/Goodreads: Passarinha / Mockingbird
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No mundo de Caitlin tudo é preto ou branco. As coisas são boas ou más. Qualquer coisa no meio do caminho é confusa. Essa é a máxima que o irmão mais velho de Caitlin sempre repetiu. Mas agora Devon está morto e o pai não está ajudando em nada. Caitlin quer acabar com isso, mas como uma menina de onze anos de idade, com síndrome de Asperger ela não sabe como. Quando ela lê a definição de encerramento ela percebe que é o que ela precisa. Em sua busca por ele, Caitlin descobre que nem tudo é preto ou branco, o mundo está cheio de cores, confuso e bonito.

Quantas vezes você já olhou torto para um “louco” na rua? Quantas vezes você já viu um autista e pensou “nossa, o que ele está fazendo”? Quantas vezes você já parou para pensar o que se passa na cabeça dessas pessoas? Você já tentou imaginar que mesmo as ações ilógicas podem ter uma lógica? Passarinha é um livro que merece todos os seus prêmios e que definitivamente toca fundo na alma do leitor.

Vou admitir que peguei o livro para ler apenas porque gostei do nome e ele é pequeno (em número de páginas). Depois de uma leitura chata como A Mulher Silenciosa, não estava afim de gastar muito tempo lendo. Lendo, lendo, lendo, Passarinha não tinha me conquistado até o momento em que peguei o fio da miada.

A autora, Kathryn, escreve a história em primeira pessoa, ou seja, todas as vezes que estivermos lendo cenas em que certas ações de Caitlin não fazem sentido (exteriormente), olhemos com mais atenção, já que a autora está nos explicando porque ela age daquele jeito, de uma forma lógica para a personagem. Por que ela só cria desenhos em preto e branco? Por ela sempre enfia a cabeça ou o corpo embaixo da almofada do sofá? Por que ela se esconde debaixo do armário no quarto do irmão morto?
Na esperança de que todos possamos
Compreender melhor uns aos outros
O livro tem uma nota do tradutor falando do cuidado que ele teve em traduzir essa obra, já que ela é cheia de figuras de linguagem. Mesmo nós sendo avisados disso, é possível notar isso ao longo da leitura. Mas mesmo assim é muito importante ler o que o tradutor falou para que fiquemos mais atentos ao que a autora escreveu. Duplos sentidos para a palavra armário (que em inglês é chest, assim como peito), para a palavra escoteiro (que em inglês é scout, apelido de uma personagem do filme/livro O Sol é Para Todos). A personagem tem uma forte ligação com esse filme por causa de seu irmão, Devon.

A relação entre Caitlin e Devon é muito bonita. Eles estavam sempre se apoiando, sempre cuidando um do outro. Devon estava sempre tentando ensinar coisas a Caitlin, ensiná-la a se portar em determinados lugares. Mesmo depois da morte do irmão, ela nunca deixa de lado esses ensinamentos e está sempre tentando pô-los em prática.

Há momentos fortes de angústia quando Caitlin insiste em falar de Devon com o pai, que passa muito tempo de luto. Como a noção de emoções para Caitlin é baseada numa cartilha no escritório da conselheira do colégio, ela não sabe interpretar algo como angústia ou lágrimas de felicidade. Para ela, ou você chora de tristeza ou você sorri de alegria. Ao longo da narrativa, ela vai descobrindo que há mais emoções do que as carinhas dos smiles podem mostrar.
Gostaria de poder me esconder no quarto de Devon, mas não tenho permissão para entrar lá agora. É assim desde O Dia Em Que A Nossa Vida Desmoronou e papai bateu a porta do quarto de Devon e encostou a cabeça nela e chorou e disse, Não não não não não.
O pai de Caitlin tem que enfrentar muitas coisas. Ele fica só com Caitlin (não lembro o que aconteceu com a mãe dela, mas acho que ela morreu), tem que trabalhar, cuidar da casa e quando a filha chega em casa dizendo que está procurando um Desfecho, ele desmorona.

E é quando Caitlin quer um Desfecho que as coisas tomam um caminho parecido com A Lista Negra. Assim como Valerie, Caitlin está procurando uma forma de lidar com tudo que aconteceu. Um tiroteio numa escola culminando na morte de um entre querido é o que une as duas. O Desfecho de Valerie é a formatura e a homenagem que ela e uma amiga fazem para os que morreram no tiroteio; o Desfecho de Caitlin é algo mais delicado, algo que Devon deixou inacabado.

Eu não cheguei a chorar durante a leitura, apenas uma única vez, mas pensei que me emocionaria mais com o final, apesar do livro acabar bem. É uma história que vale a pena ser lida e que precisa de uma reflexão rápida.

[+] Você poderia dar uma olhada em:
A Lista Negra – Jennifer Brown
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